domingo, 28 de fevereiro de 2010

Carta ao Presidente dos Estados Unidos - Chefe Seattle - 1854


Carta ao Presidente dos Estados Unidos - Chefe Seattle

    "O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. 

O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. 
Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. 
Nós vamos pensar na sua oferta,
pois sabemos que se não o fizermos, 
o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. 
O grande chefe de Washington pode acreditar 
no que o chefe Seattle diz 
com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? 
Essa idéia nos parece estranha. 
Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, 
como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. 
Cada ramo brilhante de um pinheiro, 
cada punhado de areia das praias, 
a penumbra na floresta densa, 
cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. 
A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
 Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem 
quando vão caminhar entre as estrelas. 
Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra,
pois ela é a mãe do homem vermelho. 
Somos parte da terra e ela faz parte de nós. 
As flores perfumadas são nossas irmãs; 
o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. 
Os picos rochosos, 
os sulcos úmidos nas campinas, 
o calor do corpo do potro, e o homem - 
todos pertencem à mesma família.

Portanto, 
quando o Grande Chefe em Washington
manda dizer que deseja comprar nossa terra, 
pede muito de nós.
O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. 
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. 
Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. 
Mas isso não será fácil. 
Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, 
mas o sangue de nossos antepassados. 
Se lhes vendermos a terra, 
vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, 
e devem ensinar as suas crianças que ela 
é sagrada 
e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos 
fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. 
O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.


Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. 
Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. 
Se lhes vendermos nossa terra, 
vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos 
e seus também. 
E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. 
Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, 
pois é um forasteiro 
que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. 


A terra não é sua irmã, 
mas sua inimiga, 
e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. 

Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. 
Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. 
A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos.

Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, 
como coisas que possam ser compradas, 
saqueadas, 
vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. 
Seu apetite devorará a terra, 
deixando somente um deserto.


Eu não sei, 
 nossos costumes são diferentes dos seus. 
A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. 
Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
 
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. 
Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera 
ou o bater das asas de um inseto. 
Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. 
O ruído parece somente insultar os ouvidos.


E o que resta da vida 
se um homem não pode ouvir 
o choro solitário de uma ave 
ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, 
à noite?

Eu sou um homem vermelho e não compreendo. 
O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, 
e o próprio vento, 
limpo por uma chuva diurna 
ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, 
pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro 
- o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro.
Parece que o homem branco não sente o ar que respira.
Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro.

Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, 
ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, 
que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. 
O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. 

Se lhes vendermos nossa terra, 
vocês devem mantê-la intacta e sagrada, 
como um lugar 
onde até mesmo o homem branco 
possa ir saborear o vento açucarado
pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. 
Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: 
o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.

Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.
Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, 
abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. 
Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.


O que é o homem sem os animais? 
Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito.
Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. 
Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós.
Para que respeitem a terra, 
digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. 
Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas:
que a terra é nossa mãe. 
Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. 

Se os homens cospem no solo, 
estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; 
o homem pertence à Terra.
Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.

Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. 
O homem não tramou o tecido da vida; 
ele é simplesmente um de seus fios. 
Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, 
cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo,
não pode estar isento do destino comum.
É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. 
Veremos. 
 De uma coisa estamos certos - 
e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. 
Vocês podem pensar que O possuem, 
como desejam possuir nossa terra;
mas não é possível. 
Ele é o Deus do homem, 
e Sua compaixão é igual para o homem vermelho 
e para o homem branco. 
A terra lhe é preciosa, 
e ferí-la é desprezar seu Criador. 
Os brancos também passarão; 
talvez mais cedo que todas as outras tribos. 
Contaminem suas camas, 
e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, 
vocês brilharão intensamente,
iluminados pela força do Deus 
que os trouxe a esta terra 
e por alguma razão especial
lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. 

Esse destino é um mistério para nós,
pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, 
os cavalos bravios sejam todos domados, 
os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, 
e a visão dos morros obstruída por fios que falam.



Onde ficará o emaranhado da mata? 
Terá acabado. Onde estará a águia? 
Irá acabar. 
Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Compreenderíamos, talvez, 
se conhecêssemos com que sonha o homem branco,
se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos 
nas longas noites de inverno,
quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar 
desejos para o dia de amanhã. 
Somos, porém, selvagens. 
Os sonhos do homem branco são para nós ocultos,
e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. 
 Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes.
Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. 
Depois que o último homem vermelho tiver partido
e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, 
a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias,
porque nós a amamos
como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.


Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos.
Proteja-a como nós a protegíamos. 
"Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": 
E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração
- conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. 
De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, 
esta terra é por ele amada. 
Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.
Chefe Seattle, 1854.

Reflexões sobre Vegetarianismo 6 - Filme: A carne é fraca




Esse filme do Instituto Nina Rosa foi um dos motivadores para eu ter adotado a dieta vegetariana. Ele revela o que muitos fingem não ver. Fica a dica.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Poemas 12 - Samadhi - Paramahansa Yogananda



Samadhi

Levantados os véus de luz e sombra,
Evaporada toda a bruma de tristeza,
Singrado para longe todo o amanhecer de alegria transitória,
Desvanecida a turva miragem dos sentidos.

Amor, 
ódio, 
saúde, 
doença, 
vida, 
morte:
Extinguiram-se estas sombras falsas na tela da dualidade.

A tempestade de maya serenou
Com a varinha mágica da intuição profunda.

Presente, 
passado, 
futuro, 
já não existem para mim,
Somente o Eu sempiterno,  
onifluente, 
Eu, 
em toda parte.

Planetas, 

estrelas, 
poeira de constelações, 
terra,
Erupções vulcânicas de cataclismos do juízo final,
 
A fornalha modeladora da criação,
Geleiras de silenciosos raios X,
dilúvios de elétrons ardentes,
 

Pensamentos de todos os homens, 
pretéritos,
presentes, 
Futuros,

Toda folhinha de grama, 

eu mesmo, 
a humanidade,
Cada partícula da poeira universal,
Raiva, 

ambição, 
bem, 
mal, 
salvação, 
luxúria,

Tudo assimilei, tudo transmutei
No vasto oceano de sangue de meu próprio Ser indiviso.

Júbilo em brasa,
freqüentemente abanado pela meditação,
Cegando meus olhos marejados,
Explodiu em labaredas imortais de bem-aventurança,
Consumiu minhas lágrimas, 

meus limites,
meu todo.

Tu és Eu, 
Eu sou Tu,

O Conhecer, 
o Conhecedor, 
o Conhecido,
unificados!

Palpitação tranqüila,
ininterrupta, 
Paz sempre nova,

Eternamente viva.

Deleite transcendente 
a todas as expectativas da imaginação,
 
Beatitude do Samadhi!

Nem estado inconsciente,
Nem clorofórmio mental sem regresso voluntário,
 
Samadhi 

Amplia meu reino consciente
Para além dos limites de minha moldura mortal
Até a mais longínqua fronteira da 
Eternidade,
 
Onde Eu, 
o Mar Cósmico,
Observo o pequeno ego flutuando em Mim.

Ouvem-se, 
dos átomos, 
murmúrios móveis;
 

A terra escura, 
montanhas, 
vales são líquidos em fusão!

Mares fluidos convertem-se em vapores de nebulosas!
 
Om 

sopra sobre os vapores, 
descortinando prodígios.

Mais além,
Oceanos desdobram-se revelados, 
elétrons cintilantes,
 

Até que ao último som do tambor cósmico,
Transfundem-se as luzes mais densas em raios eternos
De bem-aventurança que em tudo se infiltra.

Da alegria eu vim, 
para a alegria eu vivo, 
na sagrada alegria,
Dissolvo-me.

Oceano da mente; 
bebo todas as ondas da criação. 
Os quatro véus do sólido, 
líquido, 
gasoso, 
e luminoso,
Levantados.

Eu, 
em tudo, 
penetro no Grande Eu.

Extintas para sempre as vacilantes,
tremeluzentes sombras,
Das lembranças mortais:
Imaculado é meu céu mental 

– abaixo, 
à frente 
e bem acima;
Eternidade e Eu, 
um só raio unido.

Pequenina bolha de riso,
eu,
Converti-me no próprio Mar da Alegria!  
  
Paramahansa Yogananda 



terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 18

 XVIII - Os dez embaraços causados por si mesmo.

1) Estabelecer-se na vida familiar sem meios de existência, é causar problemas a si mesmo.
2) Viver uma vida francamente má e ignorar a Doutrina, é causar a si mesmo uma contrariedade como o faria um louco saltando de um precipício.
3) Viver hipocritamente é causar a si mesmo uma complicação semelhante à que se causaria uma pessoa colocando veneno em sua própria comida.
4) Não ter firmeza de espírito e entretanto tentar agir como chefe de monastério é causar-se problemas como o faria uma velhinha fraca que tentase guardar um rebanho.
5) Consagrar-se inteiramente a ambições egoístas e não lutar pelo bem dos outros é causar-se um mal como o faria um cego que se perdesse num deserto.
6) Empreender tarefas difíceis sem ter a possibilidade de cumpri-las, é causar a si mesmo um mal como o faria um homem enfraquecido tentando carregar uma carga pesada.
7) Transgredir os preceitos do Buda ou de um santo guru por orgulho e satisfação de si, é causar a si mesmo um desgosto como o faria um rei seguindo uma política pervertida.
8) Perder seu tempo flanando em cidades e vilarejos em lugar de se consagrar à meditação é se causar uma contrariedade como o faz um cervo descendo ao vale em lugar de permanecer nas montanhas.
9) Estar absorvido na perseguição das coisas do mundo, em lugar de procurar desenvolver a Divina Sabedoria, é causar a si mesmo um desgosto como o provocaria a si uma águia quebrando uma asa.
10) Apropriar-se sem escrúpulo das oferendas que foram destinadas ao Guru ou à Trindade, é causar a si mesmo um aborrecimento como o faria uma criança engolindo carvões ardentes.

Estes são os dez embaraços causados por si mesmo.

Meditação - Sri Ramakrishna


"O homem é como uma garrafa cheia de água,
fortemente arrolhada,
lançada no meio do Oceano. 
Tem dentro de si a mesma substância de que é feito o Oceano, 
mas a sua mente (a rolha) 
o impede de tornar-se 
Uno com essa imensidão" 

(Bhagvan Sri Ramakrishna Paramahansa )

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Poemas 11 - Ó Todo do meu Todo - Al Hallaj

 

Eis-me aqui, 
eis-me aqui, 
ó meu segredo, 
ó minha confidência! 

Eis-me aqui, 
eis-me aqui, 
ó meu fim, 
ó meu sentido! 

Chamo-te.., não! 
És Tu quem me chamas para Ti!
Como Te haveria falado, a Ti, 
se Tu não me houvesses falado a mim? 

Ó essência da essência da minha existência, 
ó termo do meu desígnio! 
Tu que me fazes falar, 
ó Tu, minhas enunciações, 
Tu meus pestanejares! 

Ó Todo de meu Todo, 
ó meu ouvido, 
ó minha visão, 
ó minha totalidade, 
minha composição 
e minhas partes! 

Ó Todo de meu Todo, 
Todo de toda coisa, 
enigma equívoco; 
obscureço o todo do Teu todo 
ao querer Te expressar!  

Ó Tu, 
de quem meu espírito estava suspenso,
já ao morrer de êxtase, ah! 
Continua sendo sua prenda minha desdita..
O supremo objeto 
que eu solicito e espero, 
ó meu hóspede, 
ó alento de meu espírito, 
ó minha vida neste mundo 
e no outro! 
Seja meu coração Teu resgate! 

Ó meu ouvido, 
ó minha visão. 
Por que tanta demora, 
em meu retiro, 
tão distante? 

Ah! 
Ainda que para meus olhos 
Te escondes no invisível, 
meu coração já Te contempla, 
desde meu afastamento, 
sim, 
desde o meu exílio.

Sermão da Montanha - A vida de Jesus ditada por ele mesmo


Amai-vos uns aos outros e meu Pai vos amará. 
Pedi a Deus o que vos faça falta e não deixeis jamais titubear vossa confiança. 
Aproximai-vos ao que sofre e não lhe digais que merece seus sofrimentos, 
procurai, pelo contrário, aliviá-lo. 
A verdadeira caridade não olha para o passado,
fixando-se tão somente no presente.
Fechai vossa alma à tristeza e por maior que seja o rigor de vossos inimigos,
pensai na recompensa que se vos há prometido se fordes pacientes e misericordiosos. 
A terra é um lugar de desterro para os que tem direito a uma posição melhor, 
a Terra é um lugar de purificação para a maior parte, 
mas todos devem ajudar-se para reconhecer o patrocínio da fraternidade
e o princípio do amor universal.


A liberdade de muitos tem lugar mediante o amor,
o egoísta será castigado e muito se perdoará ao que muito tenha amado. 
Honrai a virtude, desmascarai o vício, mas perdoai aos que vos tenha ofendido,
para que a vós também seja perdoado na vida futura. 
Não invejeis o lugar de honra. 
Os primeiros serão os últimos e os últimos os primeiros, 
na casa de meu pai quem quer que se exalte será humilhado 
e somente o humilde será glorificado. 
Ide à casa do pobre e abraçai-o como a vosso irmão. 
Desdenhai as distinções das riquezas e mostrai-vos superiores à má fortuna.


Diminuí-vos para fazer sobressair aos outros, 
porém não imiteis aos hipócritas 
que andam atrás dos elogios com as aparências de modéstia. 
Felizes os que choram por causa de injustiças dos homens, 
porque a justiça de Deus os fará resplandecer.
Felizes os que desejam a vida eterna, 
porque ela os iluminará desde já. 
Felizes os que têm fome e sede porque eles serão saciados. 
Felizes os que compreendem e praticam a palavra de Deus.


Aprendei, amigos meus, a suportar a adversidade com coragem. 
Deus é a fonte das alegrias da alma 
e a alma eleva-se com as privações dos bens temporais, 
buscando os dons de Deus com o desprendimento das ambições terrestres. 
Facilitai os dons de Deus com o desprendimento 
das ambições e orai com um coração devorado pelos desejos espirituais. 
Vosso Pai que está nos céus, encontra-se também entre vós,
ouve essa oração e acolherá vosso pedido
se ele estiver de acordo com o que deveis 
a Deus e aos homens. 

Eu vos digo: não cai um cabelo de vossas cabeças sem a votade do Pai Celestial 
e a Divina Providência que alimenta as aves, jamais vos abadonará, se tiverdes fé e amor.

Repito-vos outra vez. 
O poder de Deus manifesta-se nas menores coisas, 
como também nas maiores, 
e seu olhar penetra vosso pensamento 
no mesmo instante que percorre a imensidade da Criação. 

A palavra de Deus será espalhada por toda a Terra. 
Os que procuram a encontrarão, 
porque a Terra está destinada a progredir por meio da palavra de Deus,
à qual todos têm direito. 
Ide pois, meus fiéis, dirigí-vos à erva em flor. 
Apascentai minhas ovelhas. 
A erva tornará a florescer eternamente, portanto a lei de Deus diz que o espírito é imortal.


A geração presente será a luz para a vindoura. 
Os homens de hoje verão o Reino de Deus,
porque o homem tem de renascer,
e a Terra deve receber ainda a semente da palavra de Deus. 
Honrai minhas demonstrações, 
praticando o que vos digo 
e não me pergunteis coisas que vós não podeis compreender. 

Permanecei presos com firmeza a estes dois mandamentos: 
O Amor para com Deus, o amor para com os homens.

Nisto se encerra toda a lei e todos os profetas." 

(Conjunto de citações do Sermão da montanha - A vida de Jesus ditada por ele mesmo, - 3º Edição brasileira, 1955)


A Tábua da Esmeralda - Hermes Trimegistus

 

"É verdade, correto e sem falsidade, 
que o que está em baixo, é como o que está em cima,
para realizar os milagres de uma coisa só.
Como todas as coisas derivam-se da Coisa Única, 
pela vontade Daquele que as criou, 
pelo poder de sua palavra, 
assim também tudo deve a sua existência a esta Unidade,
pela ordem Natural criadora.

O Sol é o seu pai, 
a Lua é a sua mãe, 
o vento o transporta em seu ventre, 
a terra é a sua nutriz. 

Este ente é o pai de todas as coisas do Mundo. 
Seu poder é imenso e perfeito.

Separarás a terra do fogo, 
o sutil do denso, 
com muito cuidado e grande habilidade. 

Ela sobe da terra ao céu e de novo descerá à terra, 
deste modo recebe a força das coisas superiores e inferiores.
Por este meio terás a glória de todo o mundo 
quaisquer trevas afastar-se-ão de ti. 
É a força forte de toda a força, 
pois vencerá toda a coisa sutil 
e penetrará toda a coisa sólida. 

Assim foi criado o universo. 
E, Disto surgem maravilhosas realizações, 
cujo meio está aqui.
 Por isso sou chamado Hermes Trismegisto, 
porque possuo poder sobre as três partes da sabedoria do mundo. 
O que eu disse da obra-mestra da Arte Alquímica, 
a Obra Solar, 
aqui está dito e encerrado. 
Tudo".

(A tábua da esmeralda - Hermes Trimegistus)  

Reflexões sobre Vegetarianismo 5



Pobre alimentação sem carne!

A oitava cósmica - A origem dos nomes das notas musicais

 

O Raio da Criação, 
progredindo desde o Absoluto 
até os satélites dos planetas 
segue a cadência da Oitava -
Na tradição Gnóstica chamava-se 
a GRANDE OITAVA 
ou a Oitava Cósmica: 

1) DÓ: Deus, Absoluto manifesto - Sol central. DOminus 
2) Si: Céu estrelado, conjunto de todos os mundos - SIderus Orbis 
3) La: Nosso grande mundo: a via láctea - LActeus Orbis 
4) Sol:  SOL
5) Fa: Mundo planetário - FAtum 
6) Mi: Terra - mistura do bem e do mal - MIxtus Orbis 
7) Ré: Lua, a regente do destino humano, segundo os antigos - REgina Astris  

 


A simbologia de Ganesha


1) Grandes Orelhas: Ouça mais
2) O Machado: Para cortar todos os laços de apego
3) Boca pequena: falar menos
4) Mãos abençoando: proteção espiritual
5) Grande estômago: pacificamente digere todo bem e mal da vida
6) O alimento em seus pés: O mundo inteiro espera a seus pés
7) Grande cabeça: pense grande!
8) Olhos pequenos: concentração
9) Corda: puxar para o objetivo supremo
10) pinta: retém o bem e deixa ir o mal
11) Tromba: Alta eficiência e adaptabilidade
12) Madoka (jóia): recompensa do sadhana (prática espiritual)
13) Rato: desejos mundanos: devem ser mantidos sob controle.

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 17

XVII - As dez coisas inúteis:


1) Nosso corpo sendo ilusório e transitório, é inútil prestar-lhe atenção excessiva.
2) Considerando que ao morrermos deveremos partir de mãos vazias, e que no amanhecer de nossa morte, nossos despojos serão expulsos de nossa própria casa, é inútil trabalhar e sofrer privações para construir uma morada nesse mundo.
3) Considerando que assim que morremos, nossos descendentes, se ignorantes em termos espirituais, são incapazes de nos das a menor assistência, é inútil que lhes leguemos nossas riquezas temporais, mais que as espirituais, ainda que façamos por afeição.
5) Considerando que nossos descendentes também estão sujeitos à morte e que sejam quais forem os bens do mundo que possamos lhes legar, serão perdidos por eles, é inútil dar-lhes coisas deste mundo.
6) Considerando que assim que a morte vem deve-se abandonar a própria casa, é inútil consagrar a vida à aquisição das coisas do mundo.
7) Considerando que a inobservância dos votos religiosos terá como resultante estados de existência miseráveis, é inútil entrar na Ordem se não se vive uma vida santa.
8) Tendo ouvido a Doutrina, e pensado nela sem praticá-la, e adquirir poderes espirituais para ser assistido no momento da morte, é inútil.
9) É inútil ter vivido, ainda que durante muito tempo, com um mestre espiritual se, falto de humildade e devoção, não se conseguiu o desenvolvimento espiritual.
10) Considerando que todos os fenômenos aparentes ou existentes sempre são transitórios, mutáveis, instáveis, e mais particularmente, que a vida do mundo não pode fornecer nem realidade nem ganho permanente, é inútil consagrar-se aos atos do mundo, sem proveito, em lugar de se consagrar à busca da Divina Sabedoria.

Estas são as dez coisas inúteis.

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 16

XVI - Os dez sinais do homem superior

1) Ter pouco orgulho e nenhuma inveja é sinal do homem superior.
2) Ter poucos desejos e satisfazer-se com coisas simples, é sinal do homem superior.
3) Não ter hipocrisia e ser destituído de embustes, é sinal do homem superior.
4) Regrar sua conduta segundo a lei da causa e efeito tão cuidadosamente quanto se preserva a pupila dos olhos, é sinal do homem superior.
5) Ser fiel a seus compromissos e obrigações, é sinal do homem superior.
6) Ser capaz de conservar amizades, mesmo quando olha todos os seres com imparcialidade, é sinal do homem superior.
7) Considerar piedosamente, mas sem cólera, aqueles que vivem no mal, é sinal do homem superior.
8) Permitir que os outros triunfem aceitando para si derrota, é sinal do homem superior.
9) Ser diferente da multidão em todo pensamento e toda ação, é sinal do homem superior.
10) Observar fielmente e sem vaidade seus votos de castidade e piedade, é sinal do homem superior.

Estes são os dez sinais do homem superior.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Seis estrofes sobre o Nirvana de Shankaracharya

 

OM

Não sou mente, inteligência, ego ou chitta. 
Nem ouvidos, nem língua, nem os sentidos do olfato e visão; 
Nem sou o éter, terra, água, fogo ou ar; 
Sou Puro Conhecimento e Bem-Aventurança; 

Sou Shiva! Sou Shiva!  


Não sou nem prana, nem os cinco elementos vitais. 
Nem os sete elementos do corpo, nem as cinco envolturas, 
nem mãos nem pés nem língua, nem órgãos de reprodução e excreção: 
Sou Puro Conhecimento e Bem Aventurança: 

Sou Shiva! Sou Shiva!


Nem aversão, nem apego tenho, nem cobiça nem ilusão. 
Nem sentido do ego ou orgulho tenho, nem Dharma ou Moksha.
Nem desejo da mente nem objetos do desejo. 
Sou Puro Conhecimento e Bem-Aventurança: 

Sou Shiva! Sou Shiva! 


Nem o que faz o certo nem o errado, nem prazer ou dor. 
Nem o mantra, o lugar sagrado, os Vedas, o sacrifício. 
Nem o ato de comer, aquele aque come, nem o alimento: 
Sou Puro Conhecimento e Bem-Aventurança: 

Sou Shiva! Sou Shiva!

Morte ou medo não tenho, nem distinção de casta. 
Nem pai nem mãe, nem mesmo nascimento eu tenho. 
Nem amigo, nem companheiro, nem discípulo nem guru. 
Sou Puro Conhecimento e Bem-Aventurança:

Sou Shiva! Sou Shiva!

Não tenho forma ou imaginação; 
sou o que tudo permeia. 
Em toda parte existo, contudo estou além dos sentidos.
Nem salvação sou, nem qualquer coisa que possa ser conhecida. 
Sou Puro Conhecimento e Bem Aventurança: 

Sou Shiva! Sou Shiva!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Nem água, nem Lua - Zen Budismo

 

Por anos e anos, a monja Chiyono estudou sem conseguir chegar à iluminação.
Uma noite, estava a carregar um velho pote cheio de água. 
Enquanto caminhava, ia observando a lua cheia refletida na água do pote. 
De repente, as tiras de bambu que seguravam o pote inteiro partiram-se e o pote despedaçou-se. 
A água escorreu, 
o reflexo da lua desapareceu 
- e Chiyono Iluminou-se. 

Ela escreveu estes versos: 
"De um modo ou de outro tentei segurar o pote inteiro, 
esperando que o frágil bambu nunca se partisse. 
De repente, o fundo caiu. 
Não havia mais água, 
nem mais lua na água 

o vazio em minhas mãos."