sexta-feira, 30 de julho de 2010

Jesus e a filosofia da liberdade



Jesus e a filosofia da liberdade 

William D. Sversutti

Ouvistes o que foi dito: 
Olho por olho e dente por dente.

Eu, porém vos digo 
que não resistais ao mal:
mas se alguém te esbofetear
na face direita, 
oferece também a outra;

E ao que quiser pleitear contigo
para te tirar a túnica, 
deixa-lhe 
também o manto;
E se alguém te obrigar 
a caminhar uma milha,
vai com ele duas.

Dá a quem te pedir 
e a quem quer de ti emprestado, 
não lhe volte as costas.
Ouviste o que foi dito: 
Amarás o teu próximo e 
aborrecerás o teu inimigo.
Eu porém vos digo: 

Amai 
a vossos inimigos, 
bendizei 
os que vos maldizem,
fazei bem 
aos que vos odeiam e
orai 
aos que vos maltratam e perseguem;

Para que sejais filhos do vosso 
Pai 
que está nos céus:
porque faz que o seu 
sol se levante 
sobre maus e bons
e a chuva desça 
sobre justos e injustos.

Pois se amardes apenas os que vos amam:
- Que recompensa tereis?
E se saudardes somente os vossos irmãos:
- Que fazeis de mais?

Quem tiver ouvidos que ouça.
(Sermão da montanha)

Nesta célebre passagem do sermão da montanha, Jesus nos exorta ao incondicionamento. Ao contrário do que todos recomendam, ou seja, o “olho por olho, dente por dente”, convida-nos a ultrapassar tais limites impostos por um apego excessivo  à honra e à importância pessoal centradas no egocentrismo.
Esse egocentrismo exacerbado é o fator condicionante que Jesus ataca, tanto no nível pessoal, quanto no nível familiar (família, etnia, país, religião), quando se refere a amarmos somente aos que nos amam. É, de certa forma, o mesmo egoísmo, porém projetado a alguns poucos convivas. Este fator condicionante é um obstáculo ao verdadeiro amor incondicional.
A atitude incondicionada de amarmos a quem nos humilha é a expressão mais límpida para a liberdade da consciência em relação à todos os condicionamentos impostos aos/pelos homens. Ela é a mesma liberdade do pai que está nos céus e se mostra realizável através da renúncia interior ao egocentrismo. Este é um ensinamento comum a várias religiões, aqui, porém, percebe-se seu cunho prático.
A prática do descondicionamento mediante o desprendimento interior leva a uma revolução na sociedade. De fato, o que mais se percebe na sociedade ocidental atual é a imposição do condicionamento por todos os lados, tanto teóricos quanto práticos.
Do ponto de vista prático, a sociedade de consumo necessita do condicionamento para que a máquina da lucratividade esteja em constante funcionamento. “Faça isto”, “Compre aquilo”, para que seja aceito pelo “grupo”. É o lema de toda propaganda que vemos na TV. E este condicionamento nos é imposto por meios cada vez mais inusitados.
Do ponto de vista teórico muito já se disse sobre a natureza humana ser totalmente determinística, ou seja, condicionada. As filosofias de cunho reducionista (Marxismo, Psiquiatria, Positivismo lógico, etc.) tendem a reduzir todo o fenômeno humano a determinado aspecto (econômico, libido,  cientificismo lógico, etc.) da experiência humana. As ciências, notadamente as de cunho epifenomenalista (1), pretendem reduzir todos os fenômenos da consciência humana à materialidade.
Todavia existem alguns teóricos que desbravam, atualmente, o campo do incondicionado e não concordam com a natureza determinista apregoada por tais abordagens. Dentre eles destaco dois, o filósofo Ken Wilber, mediante a psicologia transpessoal, e o físico teórico Amit Goswami, mediante o primado da consciência.
A posição de Wilber é a de admitir os níveis de experiências transpessoais, não como frutos de uma ilusão condicionada, mas como fenômenos passíveis de comprovação. Ao estudar as experiências de cunho místico (Satori, Samadhi) descritas por várias religiões, através da própria vivência e da medição através de EEGs (2), Wilber admite estados de realização pessoal e social que superam os níveis determinísticos e que atingem os níveis incondicionados.
Para o Físico Amit Goswami, o epifenomenalismo das teorias físicas baseadas no primado da matéria sobre a consciência está caindo em descrétido, notavelmente depois das experiências realizadas por Jacobo Grinberg-Zylberbaum, Tony Marcel, Libet e Feinstein e Zaborowski. Consoante a estas experiências, o físico afirma ser a consciência incondicionada pela matéria e passível de correlações não-locais (3) e de outras experiências (como a cura quântica) que envolvem a descontinuidade e a criatividade, sugerindo, assim, o primado da consciência sobre a matéria.
O incondicionamento ensinado por Jesus no sermão da montanha encontra eco nestes dois filósofos contemporâneos na medida em que estes também não admitem ser a natureza humana totalmente demonstrável através de determinismos e reducionismos. Os dois filósofos também admitem que o condicionamento é um fator limitante à possibilidade da liberdade. Romper com estes grilhões leva ao incondicional e à evolução para um estado superior de liberdade: a possibilidade da criatividade e da descontinuidade como a chave dos mistérios da consciência, da libertação do espírito e da revolução na sociedade, que parte da revolução do indivíduo.
Esta, também, é a mensagem de Jesus para a liberdade da consciência. A mensagem da filosofia da liberdade. 



Notas
1 – Epifenomenalismo: Idéia de que os fenômenos mentais e a consciência em si são fenômenos secundários da matéria e redutíveis a interações matriciais de alguma estrutura.
2 – Eletro Encefalogramas
3 – Não-Localidade: Uma influência ou comunicação instantânea, sem qualquer troca de sinais através do espaço tempo; uma totalidade intacta ou não-separabilidade que transcende o espaço-tempo.

Referências

WILBER, Ken. Um Deus social.
GOSWAMI, Amit. Deus não está morto.
MARTINS, Paulo N. T. P. A mecânica quântica e o pensamento de Amit Goswami.Disponível em: http://run.unl.pt/bitstream/10362/1939/1/Martins_2009.pdf 

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Lótus na Lama, o Crisântemo na Geada - Liu I-Ming


O caule do lótus é oco, razão pela qual, ao emergir da lama é extraordinariamente limpo. A flor do crisântemo é tardia, razão pela qual, ao encontrar a geada do outono, é extraordinariamente fresca. Quando o interior é oco, as coisas exteriores não podem deixar sua marca; quando a flor é tardia, a energia é plena e resistente ao frio.
O que percebo quando observo isso é o Tao do cultivo do interior e da imunidade às coisas exteriores. A razão pela qual a Criação pode nos constranger, a razão pela qual as coisas podem nos influenciar, o motivo de a calamidade poder nos ferir, não é que a Criação possa de fato nos constranger, nem que as coisas possam de fato nos influenciar, nem que a calamidade possa efetivamente nos ferir - tudo se deve à resposta emocional que temos diante das nossa mente, como o vento que levanta ondas em qualquer direção na qual sopre. Se sabemos avançar mas não sabemos ficar para trás, se sabemos ser impetuosos mas não sabemos ser receptivos, nós nos constrangemos, nos influenciamos e nos ferimos.
Se formos verdadeiramente capazes de ser de tal maneira que nada nos ocorra nem surja em nós nenhum pensamento, sempre claros e calmos, impávidos diante das coisas exteriores, imunes às influências  externas, seremos como um lótus que emergiu da água, sem a mácula da sujeira. Se formos verdadeiramente capazes de ocultar o próprio talento e percepção, sendo habilidosos mas nos mostrando limitados, sendo sábios mas com aparência de ignorantes, agindo de modo discreto, prontos a nos mostrarmos flexíveis, a calamidade e a fortuna não poderão nos afetar. Seremos como o crisântemo no outono, infenso à geada e ao frio. (Em: O Despertar para o Tao - Liu I-Ming)

domingo, 25 de julho de 2010

Sobre o Tao - Alan Watts


O Tao e seu padrão nos escapam:

Como uma espada que corta mas não consegue cortar a si mesma;
Como um olho que vê mas não consegue ver-se a si mesmo

Observando o núcleo, 
mudamos seu comportamento,
e observando as galáxias, 
elas fogem de nós -
e, na tentativa de compreender o cérebro,
defrontamo-nos com um obstáculo, qual seja
o de não possuirmos instrumento melhor 
do que o próprio cérebro para tal fim.

O maior obstáculo para o conhecimento objetivo
está em nossa própria presença subjetiva.

Assim,
só nos resta confiar
e seguir com o Tao,
como fonte 
e base 
de nosso próprio ser,
o qual
  
 Pode ser alcançado 
mas não visto.

Alan Watts
em: Tao, o curso do Rio.
(Ed. Pensamento)

sábado, 24 de julho de 2010

Sabedoria Egípcia 3 - O Silêncio - Amenemope

O Silêncio

O irriquieto no templo
se assemelha a uma árvore
crescendo em lugar fechado.
O brotar de seus ramos
não dura mais que um breve instante,
e termina nas mãos do lenhador.
É transportada por mar para longe
de seu devido lugar,
e a chama é sua mortalha.
O verdadeiro silencioso,
que se mantém de lado,
se assemelha a uma árvore crescida em campo aberto.
Ele floresce,
dobra a sua produção
e se ergue diante de seu mestre.
Seus frutos são doces,
sua sombra deliciosa.
Ele vai até o fim
dentro de seu próprio jardim.

Amenemope 

Sabedoria Egípcia 2

Aquele que criou a si mesmo e cuja forma é ainda ignorada,
Manifestação perfeita que se manifesta como símbolo sagrado,
Que criou suas estátuas e criou a si mesmo,
Potência sem defeito que (tudo) ordenou a partir do coração,
Que reuniu sua semente a seu corpo,
E no mistério fez nascer sua matriz.

Hino a Amon (Leide) (40)

Sabedoria Egípcia 1

O Um que é único criou tudo aquilo que existe,
E a Terra existiu pela primeira vez.
Seus nascimentos são misteriosos,
Suas formas inumeráveis,
Sua origem é desconhecida...
Toda forma de existência passou a existir
quando Sua existência existiu.
Nada existe fora Dele.
Ele se vela à sua própria manifestação,
Lâmpada irradiante de generosa claridade.

(Papiro Cairo 58032)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pensamentos soltos - Shankara

Eu sou a realidade sem começo, sem igual. Não participo da ilusão "eu" e "vós", "isto" ou "aquilo". Eu Sou Brahman, o primeiro-sem-segundo, a bem-aventurança sem fim, a Verdade Eterna, imutável... Eu resido em todos os seres como Consciência Una, o fundamento de todos os fenômenos internos e externos. Nos dias da minha ignorância (avidya) eu costumava pensar nessas coisas como separadas de mim. Agora, sei que Sou uno com o Tudo.

Adi Shankaracharya

sábado, 17 de julho de 2010

Hino à Glória do Absoluto - Abhinavagupta

Abhinavagupta (68 d.C.)

Hino à Glória do Absoluto

Com um pensamento idêntico a Ti, em meu coração presto homenagem ao Senhor Bairava,* refúgio de quem não tem Senhor. Feito de Consciência Única, Infinita, sem origem, impregna a diversidade dos seres móveis e imóveis.

Ó Grande Soberano! Pela energia de Tua graça, este universo inteiro parece-me doravante, como idêntico a Ti. Tu és eternamente meu próprio Eu; assim, a totalidade das coisas é para mim idêntica ao Eu.

Em Ti, Senhor, meu próprio Eu, que tudo penetras, o medo da transmigração não mais tem razão de ser mesmo quando subsistisse uma multidão de atividades forjando terrores, enganos e intoleráveis dores!

Ó exterminador! Não deita sobre mim este olhar carregado de cólera aterrorizante; sobre mim cuja adoração e contemplação do Senhor conferem imutável firmeza; sobre mim que sou idêntico à energia de Bairava - o temível!

Como as espessas trevas são dispersas pelos raios de Tua Consciência quando Te aproximas, Senhor! Jamais temerei as ações demoníacas do exterminador, de Iama, nem da morte; louvor a Ti.!

Eu, a própria realidade do conjunto dos objetos contemplados enquanto raios da verdadeira Consciência manifesta, é em Ti que estou apaziguado, em Ti, o Eu cumulado profusamente pelo supremo néctar de tudo.

Ó Senhor, quando o estado de impureza dispensador de tormentos excessivos entra no campo de meu pensamento, nesse preciso instante surge de mim a chuva do supremo néctar que celebra o louvor de Tua unicidade.

Se, ó Shiva, ascese, banhos, votos, dons, quebram o tormento da existência, a feliz lembrança de Tua revelação expande no coração uma vaga de felicidade.

Ó senhor Bairava, esta minha Consciência dança, canta, rejubila-se intensamente, pois desde que tomou posse de Ti, o Bem-Amado, o cumprimento do sacrifício único, aquele da igualdade, tão árduo para os outros, lhe é fácil.


Abhinavagupta (68 d.C.)




Ver: 

- Os Quinze versos de despertar” – Bodhapañcadaśikā em: http://www.om.pro.br/blog/?p=414http://www.om.pro.br/blog/?p=433 de Abhinavagupta
- O livro Tantraloka de Abhinavagupta em espanhol: Tantraloka
- Breve biografia: http://www.hinduwebsite.com/hinduism/concepts/abhinavagupta.asp

O Sendeiro Supremo do discípulo - Conclusão



"Aqui está contida a essência das palavras imaculadas dos grandes Guru que foram dotados de Divina Sabedoria; e da Deusa Tara e de outras divindades. Entre esses grandes mestres estão o glorioso Dipancara, o pai espiritual e seus sucessores que foram divinamente indicados para difundir a doutrina nesta terra nórdica das neves e dos gurus cheios de graça da Escola Cahdampa. Há também esse rei dos Iogues, Milarepa a que foi legado o saber do Sábio Marpa de Lhobrac e outros; e os santos ilustres: Naropa e Maitripa, da nobre terra da Índia, cujo esplendor iguala aquele do Sol e da Lua; e os discípulos de todos eles."

Aqui acaba "O Sendeiro Supremo, o rosário de Pedras preciosas".
Possa esse livro irradiar a virtude divina e possa ser benfazejo.

Mangalam*

*Termo tibetano-sânscrito que significa:
"Que a bênção esteja convosco".

In: SAMDUP, Kaza Dawa. O livro dos mortos tibetano. Livro III - O Sendeiro Supremo do Discípulo. São Paulo: Ed. Hemus, 1983.

O Sendeiro Supremo do discípulo - Ioga Tibetana 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 28

XXVIII - As dez grandes percepções felizes:

1) É uma grande felicidade perceber que o espírito de todos os seres animados é inseparável do Espírito Universal.
2) É uma grande felicidade perceber que a Realidade Fundamental é sem qualidade.
3) É uma grande felicidade perceber que no Infinito Conhecimento da Realidade além do pensamento, todas as diferenciações do Samsara são inexistentes.
4) É uma grande felicidade perceber que no estado de espírito primordial ou incriado não existe nenhum processo de espírito perturbador.
5) É uma grande felicidade perceber que no Darma-Cáia, onde o espírito e a matéria são inseparáveis, não há ninguém que tenha teoria ou suporte de teorias.
6) É uma grande alegria perceber que no Samboga-Caia de compaixão emanada de si mesmo, não há nem nascimento, nem morte, nem transição, nem nada que mude.
7) É uma grande alegria perceber que no divino Nirmana-Caia emanado de si mesmo, não há nenhum sentimento de dualidade.
8)É uma grande felicidade perceber que no Darma-Chacra não existe nenhuma fundamentação para a doutrina da alma.
9) É uma grande felicidade que na Compaixão Divina e Ilimitada dos Bodisátvas, não existe nenhuma restrição nem nenhum tratamento de parcialidade.
10) É uma grande felicidade perceber que o Sendeiro da Libertação que todos os Budas percorreram, sempre existe, sempre igual e sempre aberto àqueles que o quiserem seguir.
Estas são as Dez percepções felizes.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Sendeiro Supremo do discípulo - Ioga Tibetana 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 27

XXVII - As dez expressões figuradas:

1) Como a Verdade-Base não pode ser descrita, mas apenas realizada no Samádi, a expressão "Verdade-Base" é puramente figurada.
2) Como não há nem "meios de atravessar", nem "aquele que atravessa" o Sendeiro, a espressão "Sendeiro" é puramente figurada.
3) Como não há nem vista, nem aquele que vê o Estado Verdadeiro, a expressão "Estado Verdadeiro" é puramente figurada.
4) Como não há nem meditação nem meditante no Estado Puro, a expressão "Estado Puro" é puramente figurada.
5) Como não há nem rejubilamento, nem "aquele que se rejubila" no Estado Natural, a expressão "Estado Natural" é puramente figurada.
6) Como não há nem observância de votos, nem "aquele que observa os votos", essas expressões são puramente figuradas.
7) Como não há acúmulo, nem acumulador de méritos, a expressão "Duplo mérito" é puramente figurada.
8) Como não há nem execução, nem executor de ações, a expresão "Duplo Obscurecimento" é puramente figurada.
9) Como não há renúncia, nem renunciante à existência do mundo, a expressão, "existência do mundo" é puramente figurada.
10) Como não há nem obtenção, nem "aquele que obtém" o resultado das ações, a expressão "Resultado das ações" é puramente figurada.
Estas são as dez expressões figuradas.

O Sendeiro Supremo do discípulo - Ioga Tibetana 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 26

XXVI - As dez virtudes do Santo Darma

1) O fato de terem sido levados ao conhecimento dos homens: Os Dez Atos Pios, as Seis Paramitá, os diversos ensinamentos relativos à Realidade e à Perfeição, as quatro Nobre Verdades, os quatro estágios de Diana, os Quatro Estágios de existência sem forma e os dois Sendeiros Místicos do desenvolvimento espiritual e da libertação, mostra a virtude do Santo Darma.
2) O fato de terem sido desenvolvidos no Samsara, Príncipes e Bramanes espiritualmente iluminados entre os homens, e os quatro grande guardiães, as seis ordens de devas dos paraísos sensoriais, as dezessete ordens de deuses dos mundos sem forma, mostra a virtude do Santo Darma.
3) O fato de terem sido ensinados no mundo aqueles que entraram na corrente, aqueles que retornarão à morte apenas por mais uma vez, aqueles que ultrapassaram a necessidade de uma existência futura: os Arhants, e os Budas tendo a Iluminação pessoal, e os Budas Oniscientes, mostra a virtude do Santo Darma.
4) O fato de que aqueles que atingem a Iluminação Búdica são capazes de voltar a este mundo como encarnações divinas e de trabalhar na liberação da humanidade e de todos seres vivos até o tempo da dissolução física do Universo, mostra a virtude do Santo Darma.
5) O fato de existirem, pela benevolência que engloba todos os Bodisatvas, influências espirituais protetoras que tornam possível a libetação dos homens e de todos os seres, mostra a virtude do Santo Darma,
6) O fato de que se possa experimentar, mesmo nos mundos de existências infelizes, momentos de felicidade resultantes dos pequenos atos de misericórdia feitos quando se estava no mundo humano, mostra a virtude do Santo Darma.
7) O fato de que homens tendo vidas pesadamente carregadas tenham renunciado à vida mundana e se tornado homens dignos da veneração do mundo, mostra a virtude do Santo Darma.
8) O fato de que homens cujo pesado e mau karma havia condenado a sofrimentos infindáveis após sua morte, tenham se orientado para a vida religiosa e alcançado o Nirvana, mostra a virtude do Santo Darma.
9) O fato de que tendo simplesmente fé ou meditando sobre a Doutrina, ou simplesmente dando a roupa de um Bíkshu, seja razão para que se torne digno de respeito e veneração, mostra a virtude do Santo Darma.
10) O fato de que qualquer um, mesmo depois de ter abandonado toda posse do mundo, aderido à vida religiosa, deixado o estado de chefe de família, tendo se abrigado num eremitério retirado, seja procurado e dotado de todas as necessidades da vida, mostra a virtude do Santo Darma.

O Sendeiro Supremo do discípulo - Ioga Tibetana 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 25

XXV - As dez coisas equivalentes

1) Para aquele que está sinceramente devotado à vida religiosa tanto faz abster-se das atividades mundanas ou não.
2) Para aquele que realizou a natureza transcendental do espírito, tanto faz meditar ou não.
3) Para aquele que está isento do apego aos luxos mundanos, pouco importa praticar o ascetismo ou não.
4) Para aquele que realizou a realidade, é equivalente permanecer numa montanha isolada, ou ir e vir.
5) Para aquele que alcançou o domínio do espírito, é indiferente fruir os prazeres do mundo ou não.
6) Para aquele que está dotado da plenitude da compaixão, é equivalente praticar a meditação na solidão ou trabalhar para o bem dos outros na sociedade.
7) Para aquele cuja humildade e fé são inamovíveis, é indiferente permanecer com seu guru ou não.
8) Para aquele que compreende absolutamente os ensinamentos recebidos é equivalente encontrar a boa ou má fortuna.
9) Para aquele que abandonou a vida do mundoe entregou-se à prática das Verdades Espirituais, é equivalente observar ou não as codificações de contudas convencionais.
10) Para aquele que atingiu a Sublime Sabedoria, é equivalente ser capaz ou não de exercer poderes miraculosos.

Estas são as dez coisas equivalentes.

Pensamentos soltos - Isha Upanishad

A vida no mundo e a vida no espírito não são incompatíveis. O trabalho, ou a ação, não é contrário ao conhecimento de Deus, porém, na verdade, se realizado sem apego, é um instrumento para Ele. Por outro lado, a renúncia significa renúncia do ego, do egoísmo - não da vida. A finalidade, tanto do trabalho quanto da renúncia, é conhecer o Eu interiormente e Brahman exteriormente, e perceber sua identidade. O Eu é Brahman, e Brahman é tudo. 

Isha Upanishad - (Preâmbulo); Em: Os Upanishads, De acordo com a versão inglesa de Swami Prabhavananda e Frederick Manchester. Ed. Pensamento.

Partituras - Ária na quarta corda para piano - Bach

 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Poemas - Marcos Mahesh

Encerro em mim - (Terapêutica)

Encerro em mim
O enfermo e o terapeuta.
Rompendo com a crisálida
(da lama ao Lótus)
Sou como borboleta.
Encerro ainda em mim
Este inseto
Germe de todos os porquês;
Um ser em mutação,
A linda psiquê.
Comparando-me ao médico
Por vezes sou como o monstro;
O justo e o ladrão,
O santo e o profano,
Iscariotes e um cristão.
Não ouso dizer do Cristo
Pois que não É símbolo,
Antes, É o que a todos encerra;
Aponta em Si
A finalidade dos signos.
Encerro pois na vida a todos,
De ressurgir em ressurgir...
Do vir-a-ser aos do passado;
Compreendido o “Agora”,
Qual deles há em mim?!
Os rejeitados...
Os que ansiamos...
Todos!!!
O Todo são todos...
Encerro o Todo em mim.

Marcos Mahesh
28/05/10

Poemas - Hafiz


Em meu pensamento perdido,
a imagem de tua boca não desaparecerá jamais,
nem pela crueldade do Céu,
nem pela aflição dos séculos.
Na pré-eternidade meu coração já estava
ligado aos cachos dos teus cabelos;
até o final dos tempos ele será dócil
e manterá o pacto.
Tudo o que está neste pobre coração passará,
salvo o peso dessa dor por ti que
jamais deixará meu coração.
Teu amor invadiu a tal ponto
meu coração e minha alma que,
se minha cabeça tombasse, ele continuaria...
Vê o Um, escuta o Um, conhece o Um:
nessa fórmula estão o princípio
e os corolários da Fé.
Hafiz

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pensamentos soltos - Madre Tereza

Na vida não precisamos realizar grandes coisas.
Bastam apenas pequenas coisas com um grande amor.

(Madre Teresa de Calcutá)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pensamentos soltos - Srimad Bhagavad Gita

Os homens de pouca sabedoria imaginam que Eu, o Não-Manifesto, sou limitado quando apareço em forma corpórea. Não atinam com Minha natureza superior: imutável, inefável, suprema.

Gita, 7:24