domingo, 31 de janeiro de 2010

Leituras 17 - Raja Yoga - Swami Vivekananda

 

Leituras 16 - Sussurros da outra margem - Ravi Ravindra

 

Leituras 15 - Isto és tu - Joseph Campbell

 

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3

Amigos leitores,

Espero postar o livro inteiro no blog, - O Sendeiro Supremo do Discípulo
Com o objetivo de permitir que estes ensinamentos cheguem a pessoas que provavelmente nunca ouviriam falar deles!
Postarei  5 categorias de preceitos por semana.
Posteriormente eles poderão ser visualizados em conjunto,
clicando no marcador: Ioga Tibetana,
que se encontra na lateral direita do blog.
Espero que gostem.
Um abraço!

William D. S.

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 5

V - As dez coisas que não devem ser evitadas

1) As idéias, sendo a luz do espírito não devem ser evitadas
2) As formas-pensamento, sendo jogos da realidade, não devem ser evitadas
3) As paixões obscurecedoras, sendo o meio de despertar a lembrança da Divina Sabedoria não devem ser evitadas (se são praticadas de modo a permitir o gozo da vida em sua plenitude e por este alcançar a desilusão)
4) A opulência, sendo a ceva e a água do crescimento espiritual, não deve ser evitada.
5) A moléstia e as atribulações ensinando a piedade, não devem ser evitadas.
6) Os inimigos e o infortúnio sendo o meio de dirigir alguns para a vida religiosa, não devem ser evitados.
7) Aquilo que vem por si mesmo (sem ser solicitado) sendo um dom divino, não deve ser evitado.
8) A razão, sendo em qualquer ação a melhor amiga, não deve ser evitada.
9) Os exercícios de devoção do corpo e do espírito que se é capaz de cumprir, não devem ser evitados.
10) O pensamento de ajudar aos outros, por mais limitada que seja a possibilidade de ajuda que se possa dar, não deve ser evitado.

Estas são as dez coisas que não devem ser evitadas.

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 4

IV - As dez coisas que devem ser evitadas:

1) Evita um GURU cujo coração está aplicado em adquirir glória mundana e posses.
2) Evita amigos e seguidores que são prejudiciais à paz de teu espírito e a teu progresso espiritual.
3) Evita monastérios ou as moradas onde se encontram numerosas pessoas que te perturbam e distraem.
4) Evita ganhar tua vida por fraude ou roubo.
5) Evita ações tais que ferem teu espírito e retardam teu desenvolvimento espiritual.
6) Evita ações levianas e irrefletidas que farão com que decaias na estima de outrem.
7) Evita ações inúteis.
8) Evita dissimular tuas próprias faltas e clamar acerca das dos outros.
9) Evita a alimentação e os hábitos que não convém à saúde.
10) Evita o apego inspirado pela avareza

Tais são as dez coisas que devem ser evitadas.

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 3

III - As dez coisas que devem ser cumpridas:

1) Liga-te a um instrutor religioso dotado de poder espiritual e de completo conhecimento.
2) Procura uma solidão deliciosa cumulada de influências psíquicas como ermida.
3) Procura amigos cujas crenças e hábitos sejam como as tuas e em que possas colocar tua confiança.
4) Mantendo presentes no espírito os malefícios oriundos da glutoneria, toma apenas a nutrição necessária para te manter em boa disposição durante o tempo de teu retiro.
5) Estuda os ensinamentos dos grandes sábios de todas as seitas, imparcialmente.
6) Estuda as ciências benfazejas da medicina e da astrologia, e a arte profunda dos presságios.
7) Adota o regime e o modo de viver que poderá te conservar em boa saúde.
8) Adota as práticas de devoção que te conduzirão a um desenvolvimento espiritual.
9) Retém os discípulos cuja fé é firme, e o espírito pleno de doçura e que parecem ser favorecidos por Karma na sua pesquisa da Divina Sabedoria.
10) Mantém tua consciência constantemente desperta quer esteja andando, sentado, comendo, ou dormindo.

Tais são as dez coisas que devem ser cumpridas

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 2

II - As dez necessidades que vem a seguir:

1) Tendo estimado suas próprias capacidades, é necessário ter uma linha de ação segura.
2) Para cumprir as ordens de um instrutor religioso é preciso ter confiança e diligência.
3) Para evitar de se enganar escolhendo um GURU é necessário que o discípulo tenha conhecimento de seus próprios defeitos e de suas virtudes.
4) A acuidade da inteligência e uma fé inamovível são necessárias para se colocar no diapasão do espírito do preceptor espiritual.
5) Uma atenção incessante e a vigilância do espírito embelezado pela humildade são necessários para proteger o corpo, a palavra, e o espírito, do mal.
6) A armadura espiritual e a força da inteligência são necessárias para o cumprimento dos votos do coração.
7) A libertação habitual do desejo e do apego é necessária se se deseja ficar livre de entraves.
8) Para adquirir o duplo mérito nascido dos motivos justos e das ações justas e dedicar a outrem seus resultados, um esforço incessante é necessário.
9) O espírito imbuído de amor e de compaixão em pensamento e ato deve sempre ser dirigido para o serviço de todo ser animado.
10) Pela audição, a compreensão e a sabedoria, deve-se compreencher a natureza de todas as coisas de tal modo que não se caia no erro que consiste no olhar a matéria e os fenômenos como reais.

Estas são as dez coisas necessárias.

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 1

I - As dez causas de desgosto

O discípulo buscando a Libertação e a Onisciência do Estado de Buda deve antes meditar acerca destas dez coisas que são causa de desgosto:

1 - Tendo obtido um corpo humano livre e bem dotado, o que é difícil, seria causa de desgosto despender em vão esta vida.
2 - Tendo obtido esse corpo humano puro, livre, bem dotado e difícil de obter, seria causa de desgosto morrer como irreligioso e prenhe de cuidados mundanos.
3 - Esta vida humana no Cáli Iuga sendo tão breve e incerta, seria causa de desgosto desgastá-la persiguindo objetivos e pesquisas mundanos.
4 - Se o próprio espírito, sendo da natureza do Dharma Caia Incriado seria causa de desgosto deixá-lo soçobrar no pântano de ilusões do mundo.
5 - O santo GURU, sendo o guia no sendeiro, seria causa de desgosto ser dele separado antes de atingir a iluminação.
6 - A confiança religiosa e os votos formados constituindo o meio que conduz à emancipação, seria causa de desgosto se fossem fadados ao fracasso pela força incontrolável das paixões.
7 - A Perfeita Sabedoria, tendo sido encontrada em si mesmo pela virtude da graça do GURU, seria causa de desgosto dissipá-la na selva da mundanidade.
8 - Vender tal como mercadoria a sublime doutrina dos sábios, seria causa de desgosto.
9 - Sendo todos os seres nossos parentes benfazejos, seria causa de desgosto ter aversão por eles e assim condená-los ou abandonar a um deles.
10 - A flor da juventude, sendo um período do desenvolvimento do corpo, da palavra e do espírito, seria causa de desgosto despendê-la na indiferença vulgar.

Tais são as causas de desgosto.

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 2 - Antelóquio



OS PRECEITOS DOS GURU

A Obediência

Obediência ao precioso Guru!


Antelóquio

Que aquele que deseja a libertação deste mar das existências sucessivas, tão terrível e difícil de atravessar, possa, por meio dos preceitos ensinados pelos sábios inspirados do Kagyüpta, prestar homenagem divina a estes mestres cuja glória é imaculada, cujas virtudes inesgotáveis como o oceano e cuja benevolência infinita circunscreve todos os seres do passado, do presente , do futuro no universo inteiro:

Para servir àqueles que participam na pesquisa da divina sabedoria seguirão, consignados por escrito, os preceitos mais altamente estimados chamados: "O Sendeiro Supremo, O Rosário das Pedras Preciosas", transmitidos a Gampopa, seja diretamente, seja indiretamente, pela dinastia inspirada dos GURU, por seu amor por ele.

(O Sendeiro Supremo do Discípulo: Retirado do livro: O Livro dos Mortos Tibetano, Bardo Thödol de Lama Kazi Dava Sandup, Editora Hemus, São Paulo, 1983. Páginas: 259-294)

OM GURU

Lama Kazi Dava Sandup

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 1

O Sendeiro Supremo do Discípulo

Compilado por Dvagpo-Lharjê, sucessor de Milarepa, 1052 -1135, tendo aparecido pela metade do século XII. Lhargê, natural da província de Dvagpo, no Tibete Oriental, viveu ao que parece, de 1077 a 1052. É conhecido como Grande Guru Gampopa, considerado reencarnação do rei Srong-Tsan-Gampo. Autor de numerosos tratados de filosofia do Mahamudra, e as doutrinas da escola Kargyüpta. Em 1150 fundou o monastério de T´sru-lca. O outro discipulo mais importante de Milarepa foi Rechung
-Dorjê- Tagpá, que escreveu a famosa biografia de Milarepa, intitulada em Tibetano, "Jetsüm Kabhum", mas que preferiu passar a vida em recolhimento completo.
Eis a linhagem dos Guru, e sua sucessão: 

O primeiro Guru dos Kargyüpta é Dorjê Chang (Ou, em sânscrito: Vajra-Dhara), o Buda celeste, Arquétipo do Adi-Buda, ou seja, o Buda Primordial. Revelou ao Yogin Tilopa, a filosofia do Mahamudra (O Grande Símbolo), de onde derivam todos os preceitos do Ioga desta obra.

Tilopa viveu na Índia, no meio do século X e seu sucessor foi Naropa, seu discípulo. Após uma reforma, os Kargyüpta separaram-se dos Nigmapa, fundada em 740 por Padmasambhava.

Naropa foi professor de filosofia em Nálanda, no noroeste da Índia, principal centro da ciência da época. Marpa foi seu discípulo, que veio ser chamado no tibete "Marpa, o Tradutor", por ter feito numerosas traduções do Sânscrito para o Tibetano. Foi o Primeiro Guru Tibetano dos Kargyüpta. Milarepa, seu principal discípulo sucedeu-o, e depois, Dvagpo-lharjê.

Este livro é copiado por todos os membros da seita  Kargyüpta, como disciplina com discrepâncias desprezíveis, e o ensinamento é sempre mantido.

 
Dorjê Chang
 
 
Tilopa

 
 


As vinte e oito categorias de preceitos do Ioga do Livro do Sendeiro Supremo do Discípulo serão publicadas uma a cada post

AUM SVÀSTI
SARVA SIDHI CARISHIANTU
SUBHAM

sábado, 30 de janeiro de 2010

Discos 4 - Sister Rosetta - Complete Recorded Works vols. 1 e 2

 



  





Sister Rosetta, a Mãe do Rock!

Banda Timbre

Olá, para quem não conheceu a nossa banda, posto aqui o link para o primeiro disco, de 2000, gravado ao vivo na praça da catedral em Maringá, em 1 de maio:

Timbre - A lenda do Trem da Maluquice

Hoje em dia, Ras Timbre continua a jornada na Guarda do Embaú-SC, propagando a Paz através do Reggae Raíz! Já gravou mais dois discos, e tem uma enorme lista de sons por gravar ainda! Te desejo muita força meu irmão, na caminhada, pois tua missão tem muito ainda por conquistar!

Sua página:

http://www.rastimbre.com.br/

 

Show em Paranavaí, 2009!
Timbre e William! 


Ras Timbre e Banda I & I
Jah RastafarI
One Love

Poemas 2 - Juan Jamon Jimenes

Teu coração e o meu
são dois prados em flor,
juntos pelo arco-íris.

Meu coração e o teu
são meninos dormindo,
juntos pela via-láctea.

Teu coração e o meu
são duas rosas juntas
pelo olhar jubiloso do eterno.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Leituras 14 - Evangelho Essênio da Paz - Edmond Szekely

 

Leituras 13 - A filosofia Perene - Aldous Huxley

 

O Mito da Criação - Rig Veda



Mito da Criação - Rig Veda


Nem Algo nem Nada existiam; o imenso céu brilhante
Não existia, nem acima se estendia a abóbada celeste.

O que cobria o todo? 
O que protegia? 
O que escondia?

Era o abismo insondável das águas?
A morte não existia, no entanto, não havia nada imortal,
Não havia limite entre o dia e a noite;
O Um único respirava sem alento por si só;
Além dEle, nunca houve nada.
A Obscuridade existia e no princípio, tudo estava velado
Na obscuridade profunda, um oceano sem luz,
O germe que ainda permanece coberto na casca
Irrompe uma natureza, do calor fervente.

Quem conhece o secreto? 
Quem o proclamou aqui?

De onde, de onde surgiu esta criação multiforme?
Os próprios Deuses surgiram à vida mais tarde?
Quem sabe de onde procedeu esta grande criação?
Este, de quem proveio esta grande criação,
Se por sua vontade a criou ou por omissão,
O Vidente mais Elevado no céu supremo
O sabe; ou talvez, nem ele o saiba.

Observando na eternidade . . .
Antes de lançados os cimentos da terra,
Tu eras.
E quando a chama subterrânea
Irromper de sua prisão, e devorar a forma . . .
Seguirás sendo como sempre foste antes
E não conhecerá a mudança, 
quando o tempo deixar de existir.

Oh, pensamento infinito! 
Eternidade divina!

Rig Veda - Excerto

Leituras 12 - Corpus Hermeticum - Hermes Trimegisto

 

Leituras 11 - Autorealização - Shri Shankaracharya


 
Adi Shankaracharya





terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Isha Upanishad

Isha Upanishad

Invocação da paz

Om. Isto é plenitude. aquilo é plenitude.
Da plenitude, a plenitude surge.
Tirando-se a plenitude da plenitude,
somente plenitude resta.
Om paz, paz, paz.

O Ser Infinito está presente nos corações de todos.
O Ser Infinito é a suprema realidade.
Regojizemo-nos nele através da renúncia.
Não cobiçes nada, pois tudo ao Ser pertence. 1

Que trabalhando desta forma, possas viver cem anos.
Pois somente assim poderás trabalhar em liberdade real. 2.

Aqueles que negam o Ser renascem novamente.
Cegos para o Ser, envolvidos nas trevas,
são totalmente destituídos de amor por ele. 3.


O Ser é uno. Sempre imóvel,
o Ser é mais veloz que o pensamento,
mais veloz que os sentidos.
Embora imóvel, ele alcança qualquer objetivo.
Sem o Ser, a vida não poderia existir. 4.

O Ser parece mover-se, mas está sempre quieto.
Parece estar longe, mas está sempre perto.
Está em tudo, e tudo transcende. 5.

Aqueles capazes de perceber todos os seres em si mesmos,
e a si mesmos em todos os seres, não conhecem o medo.
Aqueles capazes de perceber todos os seres em si mesmos,
e a si mesmos em todos os seres, não conhecem o sofrimento. 6.

Como pode a multiplicidade da vida
iludir àquele que percebe sua unidade? 7.

O Ser está em toda parte. Resplandecente é o Ser.
Indivisível, imaculado, sábio, imanente e transcendente,
é ele quem mantém a coesão do mundo. 8.

Em noite de trevas vivem aqueles
para quem somente o mundo exterior é real.
Em trevas ainda mais escuras vivem
aqueles para quem apenas o mundo interior é real. 9.

O primeiro conduz a uma vida de ação.
O segundo, a uma vida de contemplação. 10.

Porém, aqueles capazes de combinar ação e contemplação,
atravessando o mar da morte pela ação,
alcançam a imortalidade através da contemplação.
Assim ouvimos dos sábios que nos instruíram. 11.

O manifestado e o não-manifestado
Em trevas que cegam vivem
aqueles que adoram a destruição.
Em trevas ainda mais escuras vivem
aqueles que se apegam à criação. 12.

Um é o resultado da criação.
Outro é o resultado da destruição. 13.

Criação e destruição: quem conhece ambas,
atravessando a morte pela destruição,
alcança a imortalidade através da criação.
Assim ouvimos dos sábios que nos instruíram. 14.

Prece para a visão da natureza real
A face da verdade está oculta pelo disco dourado.
Remove teu disco, ó Sol que nutres o mundo,
para que eu possa perceber minha natureza real! 15.

Ó Sol, nosso pai, viajante solitário,
controlador da potência da criação,
fonte da vida de todos os seres,
dispersa teus raios e domina teu deslumbrante resplendor
para que eu possa ver o Ser benéfico. Eu mesmo sou esse Ser! 16.

Que meu alento possa dissolver-se no Imortal
quando meu corpo virar cinzas.
Om. Inteligência, recorda, recorda teus feitos,
Inteligência recorda, recorda teus feitos! 17.

Agni, deus do fogo, conduze-nos pelo bom caminho para a felicidade.
Conheces nossos feitos. Livra do erro àqueles que te adoram!
Respeitosa homenagem te oferecemos. 18.

Aqui conclui-se a Isha Upanishad.
Om paz, paz, paz.19



Obtido no site www.yoga.pro.br

Leituras 6 - Bhagavad Gita por Ramananda Prasad





















Bhagavad Gita por Ramananda Prasad
Tradução de Swami Krishnapriyananda Saraswati, 

Essa edição do Gita é imensamente enriquecida 
com comentários de diversos outros textos sagrados 
hindus, como referência, por Ramananda Prasad, 
tornando-se uma bênção em conjunto!
 
OM TAT SAT 
 
Link:
Bhagavad Gita - Ramananda Prasad

Leituras 5 - O evangelho de Sri Ramakrishna, por M.




NA HISTÓRIA DAS ARTES, o aparecimento de um gênio é um acontecimento muito raro. Mais raros, entretanto, são os relatores e historiadores competentes desse gênio. O mundo tem tido muitas centenas de poetas e filósofos admiráveis, mas dessas centenas somente alguns tiveram a sorte de atrair um Boswell ou um Eckermann.
Quando abandonamos o campo da arte para o da religião, a escassez de escritores competentes é ainda mais fortemente marcante. Pouco conhecemos do quotidiano dos grandes santos e contemplativos, sendo que na maioria dos casos, nada sabemos. Muitos, é verdade, deixaram sua doutrina escrita, mas poucos, como Sto. Agostinho, Suso e Sta. Teresa deixaram autobiografias do maior valor.
Todo escrito doutrinário é, contudo, de uma certa maneira, formal e impessoal, enquanto que o autobiógrafo tende a omitir aquilo que olha como assuntos triviais e sofre a desvantagem posterior de ser incapaz de dizer como ele lida com as pessoas e de que maneira isto afeta suas vidas. Além disso, a maioria dos santos não deixaram nem escritos, nem retratos seus e para conhecermos de suas vidas, cará-ter e ensinamentos, somos forçados a confiar na palavra de seus discípulos que, na maioria das vezes, provaram ser singularmente incompetentes como repórteres e biógrafos.
Daí o interesse especial ligado a esta narração detalhada da vida diária e conversas de Sri Ramakrishna.
“M”., como o autor modestamente intitulava-se, era especialmente qualificado para esta tarefa. Ao amor reverente pelo seu Mestre, ao conhecimento profundo e experimental dos ensinamentos do Mestre, acrescentou uma memória prodigiosa dos pequenos acontecimentos quotidianos e um feliz dom para relatá-los de maneira interessante e realista. Fazendo bom proveito de seus dons naturais e das circunstâncias nas quais se encontrava, “M”. produziu um livro ímpar, até onde vai meu conhecimento, na literatura da hagiografia. Nenhum outro santo teve um Boswell tão capaz e incansável.
Jamais os pequenos acontecimentos da vida diária de um contemplativo foram retratados com tal riqueza de detalhes íntimos. Jamais as afirmações casuais e espontâneas de um grande instrutor religioso foram escritas com tanta fidelidade minuciosa. Para os leitores ocidentais, é verdade, essa fidelidade e riqueza de detalhes podem parecer um pouco em desarmonia, pois os modelos sociais, religiosos e intelectuais nos quais Sri Ramakrishna moldou seu pensamento e expressou seus sentimentos, eram inteiramente hindus, mas depois das primeiras surpresas e espantos, começamos a encontrar algo esti-mulante e instrutivo a respeito dessa própria estranheza e, a nossos olhos, a excentricidade do homem nos é revelada na narrativa de “M”.
O que um filósofo escolástico chamaria de “acidentes” da vida de Ramakrishna, foram essencialmente hindus e por conseguinte, no que diz respeito ao Ocidente, não familiares e difíceis de serem compreendidos; na sua “essência” contudo, era intensamente mística e portanto, universal.
Ler completamente estas conversas nas quais a doutrina mística alterna-se com uma espécie inusitada de humor e onde discussões sobre os aspectos mais estranhos da mitologia hindu, dá lugar às afirmações mais profundas e sutis sobre a natureza da Realidade Suprema, é em si mesmo uma lição liberal de humildade, tolerância e cautela no julgamento. Temos de ser gratos ao tradutor por sua excelente tradução de um livro tão singular e agradável, como um documento biográfico, mas ao mesmo tempo, tão precioso pelo que nos ensina sobre a vida do espírito.

Aldous Huxley

Links:

Volume 1
Volume 2
Volume 3

Poemas 1 - Tagore - O jardineiro - 41

Eu gostaria de falar as palavras mais profundas que tenho para ti, mas não me atrevo, porque poderias rir de mim. Então eu me rio de mim mesmo e diluo o meu segredo em brincadeiras. Caçôo da minha dor, para que não caçoes tu...

Eu gostaria de te dizer as palavras mais verdadeiras que tenho para ti; mas não me atrevo, porque poderias não me acreditar. Então eu as disfarço em mentiras, dizendo o contrário do que eu gostaria. Torno absurda a minha dor, para que não o faças tu...

Eu gostaria de usar as palavras mais preciosas que eu tenho para ti, mas não me atrevo, porque poderias me pagar com palavras de igual valor. Então eu te falo com rudeza e caçôo de ti com a minha força endurecida. Eu te maltrato, para que jamais conheças minha dor...

Eu gostaria e sentar ao teu lado, em silêncio, mas não me atrevo, para que o meu coração não me saia pela boca. Então eu fico tagarelando e brincando, escondendo o meu coração por trás das palavras. Controlo duramente a minha dor, para que não a controles tu...

Eu gostaria de sair do teu lado; mas não me atrevo, pois temo que assim ficarias conhecendo minha covardia. Então eu levanto a cabeça e chego distraído à tua presença. E tu, com os insistentes golpes dos teus olhos, sempre renovas a minha dor...

(O jardineiro - 41)

Rabindranath Tagore

Leituras 4 - Autobiografia de um Yogue Contemporâneo - Paramahansa Yogananda





Na sua autobiografia, Swami Paramahansa Yogananda narra suas mais profundas vivências na prática do Yoga, e descreve seus encontros com os santos mais notáveis da Índia. É um livro inesquecível por sua profundidade e poder.

Link:
Autobiografia

Leituras 3 - O Universo Autoconsciente - Amit Goswami


O físico indiano Amit Goswami contesta radicalmente o realismo materialista e desconstrói a convicção de que a matéria é o principal elemento formador da criação. Em vez disso, afirma que o verdadeiro fundamento de tudo aquilo que conhecemos e percebemos é a consciência, aqui entendida como algo transcendental — fora do espaço-tempo, não local e onipresente. Propõe, assim, uma teoria desafiadora, erguendo uma ponte entre ciência e espiritualidade e construindo um novo paradigma científico.

 Link:
O Universo Autoconsciente

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Leituras 2 - A conferência dos Pássaros - Farid Ud-Din Attar




O grande poema filosófico-religioso foi composto provavelmente na segunda metade do século XII.
O poeta persa Farid ud-Din Attar, com uma obra lida e admirada em todo o mundo árabe, contribuiu para dar uma nova fisionomia religiosa à literatura oriental. Em seu livro mais conhecido, Mantiq-ut-tair - A Conferência dos Pássaros, desenvolveu uma das mais lúcidas exposições do sufismo.Attar deixou numerosos poemas e pequenas peças líricas, nas quais testemunha sua profunda devoção à experiência mística.

Link para download:

Leituras 1 - Masnavi - Jalaludin Rumi

Leituras que gostaria de compartilhar e deixar guardado em uma estante online!
Espero que gostem.

Nº1 - Masnavi - Jalaludin Rumi


Este livro extraordinário, que tem sido chamado "o Alcorão em persa”, é um dos mais importantes textos fundadores da Tradição Sufi.
O estudo deste livro revela a altura que o ser humano pode alcançar em sua busca por um lugar no Grande Desenho do Universo.
A cada leitura, camadas mais e mais profundas de significação tornam-se manifestas, e mais o buscador é encorajado a desenvolver níveis de compreensão ainda mais profundos.
Recomendo o estudo deste livro para todos aqueles cujos sentimentos os dirigem para o caminho do desenvolvimento moral e espiritual.
Deve ser lido com atenção e disciplina.

Sayed Omar Naqshband

Link para o download do Masnavi em formato do Word em Português-Brasil, o arquivo está compactado (zipado), e conta com os seis volumes, ou seja, o livro completo. Abaixo:

Rumi - Masnavi

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Amor Universal - Buda



O Amor Universal - Buda

Este sutra ou sermão é uma grande oração que pode ser considerada o "sermão da montanha" do budismo. Também é conhecida como perfeito talismã. Vem sendo repetida há mais de 2.500 anos, e possui muita força. Conta-se que um grupo de monges foi meditar na floresta, mas não conseguiu porque os maus espíritos estavam atrapalhando, então o Buda lhes ensinou a referida mensagem, desta forma permitiu que estes pudessem meditar tranquilamente. Esta oração pode ser feita pela manhã ao acordar, ou à noite na hora de dormir, e é um auxílio constante sempre que a angústia, o sofrimento e a incerteza baterem à nossa porta... (Em: A Sabedoria de Gautama, o Buda - Ediouro)

O Amor Universal - Buda

Eis aqui como se deve ser aquele que é sábio, busca o bem e alcançou o estado de paz:
Que seja aplicado, reto, perfeitamente reto, dócil, amável, humilde;
que esteja alegre e facilmente satisfeito;
que não se deixe submergir pelos assuntos do mundo, nem com o fardo das riquezas materiais;
que domine seus sentidos; que seja justo, mas não arrogante
e não se apegue demasiadamente ao que é inerente ás questões familiares.
Que não faça nada de mesquinho ou algo que os sábios possam censurar
Que todos os seres sejam felizes
Que todos os seres estejam afortunados e livres completamente de todo dano
Que toda coisa viva: débil ou forte, larga mediana ou grande, curta ou pequena,
visível ou invisível, nas proximidades ou bem longe,
nascida ou ainda por nascer,
que todos esses seres sejam felizes
Que nada nem ninguém decepcione uma outra pessoa, nem despreze a quem quer que seja, no mínimo detalhe;
que ninguém, seja por cólera, ódio, raiva ou vingança, deseje mal a um outro ser.
Assim como uma mãe proteje e vigia até com o sacrifício de sua vida o seu único filho,
desta forma, com um pensamento ilimitado devemos amar a todos os seres vivos,
amar o mundo em toda a sua totalidade, acima, abaixo, em torno de si, sem limitação alguma, com absoluta bondade e infinita benevolência.
E estando de pé ou caminhando, sentado ou recostado, estando desperto ou não,
todos devemos cultivar estes pensamentos e isto é chamado viver de maneira suprema.
havendo abandonado as opiniões errôneas, estando dotado de visão profunda, virtuoso
e livre dos apetites dos sentidos,
aquele que atingiu a perfeição não conhecerá mais o nascimento.

O Existir

O Existir

Deus não existe, É o próprio existir
Deus não existe, até a Ele não nos entregarmos
Deus não existe, enquanto o ego persistir
Deus não existe, até perdoarmos

Deus não existe, eu existo e Ele em mim
Deus não existe, antes que o egoísmo tenha fim
Deus não existe, na guerra e na intolerância
Deus não existe, onde o ahimsã não tem importância

Deus não existe, para o avarento
Para este, apenas o dinheiro existe
Deus não existe, para o invejoso
Para este, apenas eu separado de tu.

Deus não existe, onde eu e tu existem
Ele só existe onde o Nós existe
Deus não existe, onde o Vós e Eles existem
Ele só existe onde existimos n´Ele.

William D. Sversutti

Nasrudin e o Iogurte



Nasrudin e o Iogurte

O Mullá vivia numa cidadezinha junto de um rio.
Nas suas margens passeava com um copo de leite na mão.
Olhou para o rio, olhou para o copo,
Derramou o leite no seu leito
E com um galho
Começou a mexer as águas
Em contínuo movimento circular.
Passava o Presidente da Câmara
Que depois de muito o observar
Julgou estar Nasrudin louco.
Mesmo assim, interrogou-o:
“Que fazes Nasrudin há horas sem parar?”
“Estou a fazer iogurte.”
“Enlouqueceste homem?!
Mesmo que derrames cem mil litros
Nunca farás iogurte.
O rio é vasto e suas águas muitas.”
Nasrudin olhou-o
Com o seu jeito peculiar de indagar:
“Já pensou se fosse possível?”

(Histórias de Nasrudin, p. 37)

Neste conto Sufi 1, o sábio Nasrudin, em silêncio, tenta algo aparentemente impossível: fazer um rio de iogurte com um pouco de leite, na beira de um rio. Confiante em seu intento e inflexível, sua mente está compenetrada neste objetivo. O Presidente da Câmara, ao passar e ver Nasrudin durante muito tempo nesta atividade se interessa e vai perguntar o que ele está a fazer. Nasrudin responde confiante: “Estou a fazer iogurte”. O homem pensa que o Sábio está louco, pois o rio é muito vasto e o leite, pouco. Nasrudin então lhe pergunta: - ´”Já pensou se fosse possível?”
Como lição deste pequeno conto, pode-se interpretar que, da mesma forma, a maioria das pessoas está acostumada a agir como o Presidente da Câmara, que desistiria de tentar fazer algo que imagina não levar a nenhum resultado, através de um pequeno ato. Talvez elas possam julgar que tal proceder perder-se-á num rio, cujas águas turbulentas dissiparão todas as suas tentativas e desistem antes mesmo de tentarem. Porém existem aqueles que não se intimidam com o rio tempestuoso e, mesmo assim, livremente, lançam as setas de sua vontade contra o alvo desconhecido. É o caso de Nasrudin com seu copo de leite: ele não dá ouvidos à sua mente e age. Com isso, o sábio demonstra que, apesar da impossibilidade aparente de algum objetivo, deve-se, sobremaneira, tentar realizá-lo, mesmo assim. Pode-se, a partir daí, quem sabe até, um dia, convencer o Presidente da Câmara (e todos os outros) a tentarem também, e, quem sabe, se todos tentassem, em conjunto, não conseguiriam, então, até transformar um rio em iogurte?!

William D. Sversutti

1 - Histórias de Nasrudin - Ed. Dervish, Rio de Janeiro 1994

Os essênios


Os Essênios


Inúmeros historiadores da atiguidade referem-se aos essênios com respeito. O historiador Plínio e Fílon de Alexandria relatam, por exemplo, a ampla repercussão de sua influência e seu conhecimento no campo da medicina. Suas comunidades já existiam antes de nossa contagem histórica de tempo, no Oriente Médio e no Egito, e mantinham ligações estreitas com outros grupos religiosos. Por isso, seus ensinamentos denotam um caráter universal, representando uma espécie de religião mundial da época.

Os Essênios viviam em comunidades agrícolas, afastadas das aldeias e cidades. Seu estilo de vida era simples; utilizavam a terra e os bens em conjunto. O indivíduo tinha direito a uma casa simples e a objetos adequados ao uso diário. A riqueza, tanto como a pobreza, era rejeitada como algo anormal. Os Essênios acreditavam que todas as necessidades humanas, como alimentação, moradia, vestuário, etc., podiam ser satisfeitas no contato com a Natureza - sem lutas nem guerras.

Os Essênios viviam em harmonia com a Natureza e com as leis naturais. Eles vizualizavam seu trabalho com as plantas e as árvores como a chave de todo o Universo. O trabalho era a conexão com a natureza, o sol, a terra e a chuva. Pelo fato de trabalharem a favor da natureza e não contra ela, podiam assegurar suas necessidades vitais com poucas horas de trabalho. Sabiam muito a respeito do clima, das estações do ano, dos fenômenos metereológicos, conheciam as estrelas e sua influência sobre as plantas, os animais e os homens. Mantinham-se conscientemente afastados das cidades para poderem viver mais próximos à natureza. Além disso, acreditava que as degenerações, doenças e os transtornos mentais manifestavam-se primordialmente naqueles que haviam perdido contato com aquela.

Além disso, os essênios eram vegetarianos: os cereais constituíam sua alimentação básica. Eram mestres na arte de tornar fértil a terra pobre, a transformavam desertos em bosques. Acordavam antes do raiar do dia, e sua primeira oração era dedicada ao sol; por isso eram às vezes chamados de "adoradores do sol". Após a oração, banhavam-se com água fria e tomavam a primeira refeição em silêncio. Trabalhavam até a tarde, e o anoitecer era dedicado à meditação e ao estudo dos ensinamentos.

eram capazes de evitar a maior parte das doenças devido ao seu conhecimento das plantas e das ervas medicinais, grande parte de seus ensinamentos referia-se à cura natural e espiritual. Segundo algumas fontes "essênio" significa "aquele que cura". Era de conhecimento geral na época que os essênios possuíam poderes especiais de cura, e pelo menos um deles é expressamente citado na Bíblia: João Batista. Os alimentos dos essênios eram frescos , colhdos em suas próprias hortas e pomares, e muitos eram ingeridos crus. Até os cereais eram frequentemente preparados de modo a produzir uma espécie de pão que não era submetida a cozimento. Os grãos eram amolecidos, triturados, moldados em forma de bolos e secos sobre pedras ao sol. Esses bolinhos eram de fácil digestão e continham ainda todos os nutrientes naturais dos grãos integrais crus. Hoje sabemos que muitas doenças degenerativas são causadas pela ingestão de poucos alimentos crus.

Os essênios eram da opinião que a ingestão da carne de animais assassinados tornam as pessoas sem sentimento, nervosas, impacientes e propensas a doenças. Desconheciam o açúcar. Suas refeições eram simples e constavam habitualmente de dois ou três componentes. A maior parte das refeições era ingerida devagar e em silêncio, e eles jejuavam uma vez por semana.

(conjunto de citações do livro: Yin Yang Polaridade e harmonia em nossas vidas - Cristipher Markert.) 



Sutra do diamante


O Sutra Diamante (Vajracchedika-prajñāpāramitā-sūtra - o Lapidador da Sabedoria Transcendental), de 868, é o mais velho livro impresso no mundo. É um texto sagrado budista impresso a partir de blocos de madeira em folhas de papel (xilogravura) , reunidas em códices. Foi encontrada em 1907 pelo arqueólogo Marc Aurel Stein em uma caverna fechada em Dunhuang, no nordeste da China. Essa caverna é conhecida como a "Caverna dos Mil Budas"

O Sutra do Diamante
(Vajracchedika Prajna Paramita)
Traduzido do Ingl�s por Chuan Yuan Shakya




(1) Assim eu ouvi. Uma manhã, quando o Buddha estava perto de Shravasti no bosque de Jeta, Ele e Sua comunidade de mil duzentos e cinquenta monges foram à cidade para mendigar sua refeição matinal; e depois que voltaram e terminaram a refeição, deixaram de lado seus robes e tigelas e lavaram seus pés. Então o Buddha sentou-se e os outros sentaram diante dele.

(2) Do meio da assembléia levantou-se o Venerável Subhuti. Ele descobriu seu ombro direito, ajoelhou-se sobre a perna direita, e, juntando as palmas das mãos, inclinou-se diante do Buddha. "Senhor," ele disse, "Tathagata! Honrado-por-todo-o-mundo! Que maravilhoso é que sejamos protegidos e instruídos pela Sua misericórdia! Senhor, quando homens e mulheres anunciam que desejam seguir o Caminho do Bodhisattva e nos perguntam como devem proceder, que devemos dizer-lhes?

(3) Bom Subhuti," respondeu o Buddha, "sempre que alguém anuncia, `Eu quero seguir o Caminho do Bodhisattva porque quero salvar todos os seres sencientes; e não importa se são criaturas formadas em um útero ou chocadas em ovos; se seus ciclos de vida são tão observáveis como os de minhocas, insetos e borboletas; ou se aparecem miraculosamente como cogumelos ou deuses; ou se são capazes de pensamentos profundos ou de nenhum pensamento, faço o voto de conduzir cada um dos seres ao Nirvana!' então, Subhuti, deves lembrar o que tomou os votos que mesmo que um tal incontável número de seres fosse assim libertado, na verdade nenhum ser seria libertado. Um Bodhisattva não se apega à ilusão de uma individualidade ou entidade egóica ou a uma identificação pessoal. Na verdade, não existe qualquer "eu" que liberta e nenhum "eles" que são libertados.

(4) "Além disso, Subhuti, um Bodhisattva deveria ser desapegado de todos os desejos, sejam de ver, ouvir, cheirar, tocar ou degustar qualquer coisa, ou seja o de levar multidões à iluminação. Um Bodhisattva não prova da ambição. Seu amor é infinito e não pode ser limitado por apegos ou ambições pessoais. Quando o amor é infinito seus méritos são incalculáveis.

"Diga, Subhuti, podes medir o céu oriental?"

"Não, Senhor, não posso."

"Podes medir o espaço que fica ao Sul, Oeste, Norte ou mesmo para baixo ou para cima?"

"Não, Senhor, não posso."

"Nem podes medir os méritos de um Bodhisattva que ama, trabalha e dá sem desejo ou ambição."

"Bodhisattvas deveriam prestar atenção particular a esta instrução."

(5) "Subhuti, o que achas? É possível descrever o Tathagata? Pode Ele ser reconhecido por características materiais?"

"Não, Senhor, não é possível submeter o Tathagata a diferenciações ou comparações." Então o Senhor disse, "Subhuti, na fraude do Samsara, todas as coisas são vistas como diferentes ou com diferentes atributos, mas na verdade do Nirvana nenhuma diferenciação é possível. O Tathagata não pode ser descrito."

"Quem quer que perceba que todas as qualidades não são, na verdade, qualidades determinadas percebe o Tathagata."

(6) Subhuti perguntou ao Buddha, "Honrado-pelo-mundo, sempre haverá homens que compreendem este ensinamento?"

"O Senhor respondeu, "Subhuti, não duvides disso! Sempre haverá Bodhisattvas virtuosos e sábios; e, em eras por vir, estes Bodhisattvas plantarão suas raízes de mérito sob muitas árvores Bodhi. Receberão este ensinamento e responderão com serena fé porque sempre haverá Buddhas para inspirá-los. O Tathagata os verá e os reconhecerá com seu olho-Búddhico porque nestes Bodhisattvas não haverá obstruções, nem percepção de um eu individual, nenhuma percepção de um ser separado, nenhuma percepção de uma alma, nem de uma pessoa. E estes Bodhisattvas também não vão perceber as coisas como tendo qualidades próprias nem como sendo destituídas de qualidades próprias. Nem vão discriminar entre bem e mal. A discriminação entre boa e má conduta deve ser usada como se usa um barco. Depois que deixa aquele que cruzou a corrente no outro lado, deve ser abandonado."

(7) "Diga, Subhuti, O Tathagata conseguiu a Perfeita Iluminação que Transcende Comparações? Se assim é, há algo sobre ela que o Tathagata pode ensinar?"

"Subhuti respondeu, "Da maneira como entendo o ensinamento ele não pode ser ensinado e não pode ser atingido ou compreendido e nem pode ser ensinado. Por quê? Porque o Tathagata disse que a Verdade não é uma coisa que pode ser diferenciada ou contida e então a Verdade não pode ser compreendida ou expressada. A Verdade nem é e nem não é."

(8) Então o Senhor perguntou, "Se alguém enchesse três mil galáxias com os sete tesouros - ouro, prata, lápis-lazuli, cristal, ágata, pérolas vermelhas e cornalina - e desse tudo o que possuísse como esmola ou caridade, ganharia grande mérito?"

Subhuti respondeu, "Senhor, grande mérito, de fato, caberia a ele ainda que, na verdade, ele não tenha uma existência separada à qual o mérito pudesse ser associado."

Então o Buddha disse, "Suponha que alguém entendesse apenas quatro linhas do nosso Discurso mas ainda assim resolvesse se dar ao trabalho de explicar estas linhas para alguém mais; então, Subhuti, seu mérito seria maior que o do doador de esmolas. Por quê? Porque este Discurso pode produzir Buddhas! Este Discurso revela a Perfeição da Iluminação que Transcende Comparações!

(9) "Diga, Subhuti. Um discípulo que começa a cruzar a corrente diz a si mesmo, `Eu mereço as honras e recompensas de alguém que começou a cruzar a corrente'?"

"Não, Senhor. Alguém que realmente esteja entrando na corrente não pensa em si mesmo como uma ego-entidade isolada que possa merecer qualquer coisa. Apenas aquele discípulo que não vê diferença entre si mesmo e os outros, que não dá importância a nome, forma, som, odor, gosto, tato ou qualquer qualidade pode ser chamado um daqueles que entraram na corrente."

"Um adepto que esteja sujeito a apenas um renascimento mais diz a si mesmo, `Eu mereço as honras e recompensas de alguém que só renascerá uma vez mais'?"

"Não, Senhor. `Um que renascerá uma só vez mais' é apenas um nome. Não há falecimento ou volta à existência. Apenas quem compreende isto pode ser chamado um adepto."

"Um Venerável que nunca mais terá que nascer como um mortal diz a si mesmo, `Eu mereço as honras e recompensas de alguém que não mais retornará'?"

"Não, Honrado-pelo-mundo. `Alguém que não retornará' é apenas um nome. Não existem o retornar ou o não-retornar."

"Diga, Subhuti. Um Buddha diz a si mesmo, `Eu atingi a perfeita Iluminação'?"

"Não, Senhor. Não há nada como uma Iluminação Perfeita a se obter. Senhor, se um Buddha Perfeitamente Iluminado dissesse a si mesmo, `tal sou eu' ele estaria admitindo a existência de uma identidade individual, um eu e uma personalidade separadas e neste caso não seria um Buddha Perfeitamente Iluminado.

"Ó, Honrado-pelo-mundo! Havíeis declarado que eu, Subhuti, me distingui entre teus discípulos no conhecimento da bem-aventurança do samadhi, em viver perfeitamente contente e satisfeito em reclusão, e em ser livre das paixões. Ainda assim não digo a mim mesmo que o sou pois se pensasse em mim mesmo como tal então não seria verdade que escapei da ilusão do ego. Sei que na verdade não há Subhuti e portanto Subhuti não reside em qualquer lugar, que ele não conhece e nem ignora a bem-aventurança, e que não é livre e nem escravo das paixões.

(10) O Buddha disse, "Subhuti, que pensas? No passado, quando o Tathagata estava com Dipankara, o Completamente Iluminado, Ele aprendeu algo dele?"

"Não, Senhor. Não há algo como uma doutrina a ser aprendida."

"Subhuti, saibas também que se qualquer Bodhisattva dissesse, `Eu vou criar um paraíso', ele estaria mentindo. E porquê? Porque um paraíso não pode ser construído nem destruído.

"Saibas então, Subhuti, que todo o Bodhisttva, maior ou menor, deveria experimentar a pura mente que vem depois da extinção do ego. Tal mente não discrimina e faz julgamento de som, gosto, toque, odor, ou qualquer qualidade. Um Bodhisattva deveria desenvolver uma mente que não forma qualquer apego ou aversão a qualquer coisa.

"Suponhas que um homem fosse dotado de um corpo enorme, tão grande que tivesse a presença pessoal como a de Sumero, o rei das montanhas. Sua existência pessoal seria grande?"

"Sim, Senhor. Seria grande, mas `existência pessoal' é apenas um nome. Na verdade, ele nem existiria e nem não existiria."

(11) "Subhuti, se houvesse tantos rios Ganges quanto há grãos de areia no rio Ganges, o total de grãos seria grande?"

"Grande, de fato, Honrado-por-todo-o-mundo. Seria mais fácil contar todos os rios Ganges, do que contar o total combinado de grãos de areia neles todos!"

"Subhuti, vou te contar uma grande verdade. Se alguém enchesse três mil galáxias com os sete tesouros para cada grão de areia em todos esses rios Ganges e desse isso tudo como esmola ou caridade, ganharia muito mérito?"

"Muito mérito, certamente, Senhor."

Então o Buddha declarou, "No entanto, Subhuti, se alguém estudasse nosso Discurso e entende apenas quatro linhas dele mas então explica essas quatro linhas para alguém mais, o mérito consequente seria muito maior."

(12) "Além disso, Subhuti, onde quer que aquelas quatro linhas sejam proclamadas, aquele lugar deveria ser venerado como um Santuário do Buddha. E a veneração seria proporcional ao número de linhas explicadas!

"Qualquer um que compreenda e explique este Discurso em sua totalidade consegue a mais alta e mais maravilhosa de todas as verdades. E onde quer que esta explicação é dada, lá, naquele lugar, deverias te conduzir como se estivesses na presença do Buddha. Em tal lugar deverias te curvar e oferecer flores e incenso."

(13) Então Subhuti perguntou, "Honrado-por-todo-o-mundo, por que nome deveria este Discurso ser conhecido?"

O Buddha respondeu, "Este Discurso deveria ser conhecido como o Vajracchedika Prajna Paramita - o Lapidador da Sabedoria Transcendental - porque é o Ensinamento que é duro e afiado e corta a concepção errada e a ilusão."

(14) Neste ponto o impacto do Dharma levou Subhuti a derramar lágrimas. Então, enquanto limpava a face, ele disse, "Senhor, que precioso é que pronunciastes este profundo Discurso! Já faz muito tempo que meu olho da sabedoria foi aberto pela primeira vez; mas desde aquele dia até hoje nunca havia ouvido uma explicação tão maravilhosa da natureza da Realidade Fundamental."

"Senhor, sei que por muitos anos ainda haverá homens e mulheres que, sabendo do nosso Discurso, o receberão com fé e entendimento. Serão livres da idéia de uma entidade-ego, livres da idéia de uma alma pessoal, livres da idéia de um ser individual ou existência separada. Que realização memorável essa liberdade será!"

(16) "Subhuti, apesar de neste mundo ter havido milhões e milhões de Buddhas, e todos tendo muito mérito, o maior mérito de todos virá àquele homem ou mulher que, quando nossa Época Búddhica chegar próxima ao seu fim no período dos últimos quinhentos anos, receber este discurso, considerá-lo, tiver fé nele, e então explicá-lo a alguém mais, resgatando assim nossa Boa Doutrina do colapso final."

(17) "Senhor, como então deveríamos instruir aqueles que querem tomar o voto do Bodhisattva?"

"Diga a eles que se quiserem chegar à Perfeita Iluminação que Transcende Comparações eles devem estar decididos em suas atitudes. Devem estar determinados a libertar cada ser vivente mas devem entender que na verdade não há seres vivos individuais ou separados."

"Subhuti, para ser chamado um Bodhisattva na verdade, um Bodhisattva deve ser completamente destituído de quaisquer concepções de um si mesmo."

(18) "Diga, Subhuti, o Tathagata tem o olho humano?"
"Sim, Senhor, Ele tem."
"E o Tathagata tem o olho divino?"
"Sim, Senhor, Ele tem."
"E o Tathagata possui o olho gnóstico?"
"Sim, Honrado-por-todo-o-mundo."
"E Ele possui o olho da sabedoria transcendental?"
"Sim, Senhor."
"E o Tathagata possui o olho-Búddhico da onisciência?"
"Sim, Senhor, Ele o tem."


"Subhuti, apesar de haver incontáveis Terras Búddhicas e incontáveis seres com diferentes mentes nessas Terras Búddhicas, o Tathagata compreende a todos com sua Mente que Tudo Abarca. Quanto às suas mentes, são meramente chamadas de `mente.' Tais mentes não têm existencia real. Subhuti, é impossível reter a mente do passado, impossível reter a mente do presente, e impossível apreender a mente do futuro porque em nenhuma de suas atividades a mente tem substância ou existência."

(32) "E finalmente, Subhuti, novamente saibas que se um homem desse tudo o que tem - tesouros suficientes para encher incontáveis mundos - e outro homem ou mulher acordasse para o puro pensamento da Iluminação e tomasse apenas quatro linhas deste discurso, as recitasse, considerasse, compreendesse e então, para o benefício de outros, as distribuísse e explicasse, o mérito deste ou desta seria o maior de todos.
"Agora, como deveria ser a maneira de um Bodhisattva explicar estas linhas? Deveria ser desapegado das coisas fraudulentas do Samsara e deveria permanecer na verdade eterna da Realidade. Deveria saber que o ego é um fantasma e que tal ilusão não precisa persistir por muito tempo.

"E assim ele deve ver o mundo impermanente do ego -
Como uma estrela cadente, ou a vaidosa Vênus ofuscada
pela Aurora,
Pequena bolha na água corrente, um sonho,
A chama de uma vela, que tremula e se vai."


Quando o Buddha terminou, o Venerável Subhuti e os outros na assembléia se encheram de alegria com o ensinamento dEle; e, recebendo-o sinceramente em seus corações, tomaram seus caminhos."


        * Uma versão abreviada. As seções 19 a 31 foram omitidas porque repetiam seções anteriores. O capítulo 17 foi omitido pelo tradutor para o Inglês, Edward Conze, porque, nas suas palavras: "No capítulo 17 o Sutra volta ao começo. A questão do capítulo 2 é repetida, do mesmo modo como a resposta do capítulo 3. 17-a-d sucessivamente considera os estágios da carreira de um Bodhisattva, exatamente como os capítulos 3 a 5, e novamente o capítulo 10 o fez. Com a ausência de uma real entidade para sua principal idéia, o capítulo 27 novamente cobre terreno antigo.. O 17a corresponde ao 3; 17b ao 10a; 17d ao 7, 14g ao final do 8; 17e ao 10c, e o 17g ao 10b."

http://xuyun.zatma.org/Portuguese/Dharma/Sruti_Smriti/Sutras/Prajanaparamita.html 


sábado, 23 de janeiro de 2010

Meditação


Imagina-te num lugar escuro do Cosmo onde não há vida nem Luz.
Estás só e não há nada a que possa te comparar,
Um desejo somente tens: sair da escuridão e tornar-te algo...
Pede então a Deus que lhe dê uma morada, um lugar para fixar-te
E Deus te dá um céu estrelado, com milhões de sóis rodopiando no Infinito.
Sob teus pés agora tens um planeta deserto tal qual a Lua e podes ver o sol e os demais astros.
Imaginas agora que mesmo assim este planeta não tem nada com que te assemelhar,
Nenhuma vida ou forma além de um vasto deserto.
Pedes então a Deus que te dê alguma coisa para contemplar.
E Deus te dá as montanhas, os lagos, as cordilheiras e enche de florestas e rios a paisagem que anteriormente estava deserta.
Tu passas muito tempo contemplando as belas paragens com tua alma feliz
Mas ainda falta-lhe algo, algo a que te assemelhes...
E faz novamente uma súplica ao Infinito, para que tenhas um amor maior.
Deus então cria todos os animais e enche a natureza de vida
E a ti dá um corpo perfeito para que possas caminhar e relacionar-te com os demais
Agora não estás mais sozinho e ainda tens os céus e as estrelas por companhia.
Sentes o coração transbordando de amor a Deus por suas obras,
Pois ele te tirou da escuridão e te deste a visão do próprio Amor manifestado.
Agora imagina esse amor invadindo teu coração.
Ele é como sangue nas tuas veias e irradia por todos os teus poros,
De ti ele transborda e alcança todos os seres que como ti vagueiam pela Terra
Vendo essa União, a própria Terra sente-se comovida e ilumina seu coração.
Entrando em sintonia com os demais planetas e estes com todas as estrelas
E enfim, o próprio Deus então se sente feliz, pois vê que sua obra se concluiu.

Om.
Shanti! Shanti! Shanti!

William D. Sversutti