domingo, 28 de março de 2010

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 21

XXI - Os dez graves erros

1) Para um devoto religioso, seguir um charlatão hipócrita em lugar de um guru que pratica a Doutrina é um grave erro.
2) Para um devoto religioso, a aplicação às vãs ciências do mundo, antes que á pesquisa do ensinamento secreto escolhido pelos grandes sábios, é um grave erro.
3) Para um devoto religioso, fazer planos a longo prazo como se fosse estabelecer residência permanente neste mundo, em lugar de viver como se cada dia fosse o último que tivesse a viver, é um grave erro.
4) Para um devoto religioso, pregar a Doutrina à multidão, antes de ter percebido a verdade, em lugar de meditar sobre ela, e experimentar sua verdade, na solidão, é um grave erro.
5) Para um devoto religioso, acumular riquezas como um avarento em lugar de oferecê-las à religião e à caridade, é um grave erro.
6) Para um devoto religioso, permitir que seu corpo, sua palavra e seu pensamento chegue à vergonha da libertinagem, em lugar de observar escrupulosamente seus votos de pureza e castidade, é um grave erro.
7) Para um devoto religioso, passar a vida entre as esperanças e os temores do mundo em lugar de ganhar a compreensão da Realidade, é um grave erro.
8) Para um devoto religioso, a tentativa de mudar aos outros em lugar de reformar a si mesmo, é um grave erro.
9) Para um devoto religioso, a luta para obter poderes temporais em lugar de cultivar seus próprios poderes espirituais, é um grave erro.
10) Para um devoto religioso, ser preguiçoso e indiferente em lugar de perseverar, quando todas as circunstâncias favoráveis para o progresso espiritual estão reunidas, é um grave erro.

Estes são os dez graves erros.

quarta-feira, 24 de março de 2010

A Instrução do Mahamudra para Naropa - Tilopa

 Tilopa

A Instrução Mahamudra para Naropa em Vinte e Oito Versos

Homenagem aos Oitenta e Quatro Mahasiddhas!
Homenagem ao Mahamudra!
Homenagem à Vajradakini!

    [1] O Mahamudra não pode ser dito, mas ó inteligente Naropa,
    Como você passou pela austeridade rigorosa,
    Com tolerância no sofrimento e devoção ao mestre,
    Ó abençoado, guarde esta instrução secreta em seu coração.

    [2] O espaço é suportado em algum lugar? Sobre o que ele repousa?
    Como o espaço, o Mahamudra não depende de coisa alguma;
    Relaxe e se assente no continuum da pureza indestrutível
    E, com as amarras soltas, a liberação é certa.

    [3] Olhando concentradamente para o céu vazio, a visão cessa;
    Do mesmo modo, quando a mente olha para a própria mente,
    Termina o treinamento do pensamento discursivo e conceitual
    E a iluminação completa é obtida.

    [4] Assim como a neblina da manhã se dissolve no ar,
    Indo a lugar nenhum mas cessando de ser,
    As ondas da conceitualização — tudo criação da mente — se dissolvem
    Quando você observa a verdadeira natureza de sua mente.

    [5] O espaço puro não tem cor ou forma
    E não pode ser manchado de preto ou branco;
    Assim também, a essência da mente está além da cor e da forma
    E não pode ser manchada por ações negras ou brancas.

    [6] A escuridão de mil eras não tem poder
    Para ofuscar a claridade de cristal do coração do sol;
    E do mesmo modo, eras de samsara não têm poder
    Para encobrir a luz clara da essência da mente.

    [7] Apesar do espaço ser designado de vazio,
    Na realidade ele é inexprimível;
    Apesar da natureza da mente ser chamada de luz clara,
    Sua própria atribuição é uma ficção verbal sem base.

    [8] A natureza original da mente é como o espaço;
    Ela permeia e abraça todas as coisas sob o sol.
    Seja calmo e permaneça relaxado no conforto genuíno,
    Seja quieto e deixe o som reverberar como um eco,
    Mantenha silenciosa a sua mente e assista o fim de todos os mundos.

    [9] O corpo é essencialmente vazio, como um tronco de junco,
    E a mente, como o espaço puro, transcende absolutamente o mundo do pensamento;
    Relaxe em sua natureza intrínseca, sem abandono ou controle —
    A mente sem objetivo é o Mahamudra —
    E, com a prática perfeita, a iluminação suprema é obtida.

    [10] A luz clara do Mahamudra não pode ser revelada
    Pelas escrituras canônicas e tratados metafísicos
    Do Mantravada, das Paramitas ou do Tripitaka;
    A luz clara é encoberta pelos conceitos e idéias.

    [11] Nutrindo preceitos rígidos, o verdadeiro samaya é enfraquecido,
    Mas com a cessação das atividades mentais, todas as noções fixas se apaziguam;
    Quando a maré do oceano é una com suas profundezas pacíficas,
    Quando a mente nunca se desvia da verdade indeterminada e não-conceitual,
    O samaya inquebrável é como uma lâmpada acesa na escuridão espiritual.

    [12] Livre dos conceitos intelectuais, desaprovando os princípios dogmáticos,
    A verdade de cada escola e escritura é revelada.

    [13] Absorvido no Mahamudra, você está livre da prisão do samsara;
    Equilibrado no Mahamudra, a culpa e a negatividade são consumidas;
    E como um mestre do Mahamudra, você é a luz do Dharma.

    [14] O tolo em sua ignorância, desprezando o Mahamudra,
    Nada conhece além da luta na inundação do samsara.
    Tenha compaixão por aqueles que sofrem de constante ansiedade!
    Doente de um sofrimento inflexível e desejando a liberação, adira a um mestre,
    Pois quando a bênção dele tocar o seu coração, a mente é liberada.

    [15] Kyeho! Ouça com alegria!
    O investimento no samsara é fútil; é a causa de cada ansiedade.
    Já que o envolvimento mundano é inútil, procure o coração da realidade.

    [16] Na transcendência das dualidades da mente, está a visão suprema;
    Em uma mente calma e silenciosa, está a meditação suprema;
    Na espontaneidade, está a atividade suprema;
    E quando todas as esperanças e medos falecem, a meta é alcançada.

    [17] Além de todas as imagens mentais, a mente é naturalmente clara:
    Não siga outro caminho que não seja o dos buddhas,
    Não aplique técnica alguma para obter a iluminação suprema.

    [18] Kyema! Ouça com simpatia!
    Com a sabedoria em seu lamentável predicamento mundano,
    Percebendo que nada pode durar, que tudo é como um sonho,
    Como uma ilusão sem significado, que provoca frustração e aborrecimento,
    Retorne e abandone suas buscas mundanas.

    [19] Corte o envolvimento com sua terra natal e seus amigos
    E medite sozinho em um retiro na floresta ou na montanha;
    Fique lá em um estado de não-meditação
    E, atingindo o não-atingimento, você atinge o Mahamudra.

    [20] Uma árvore estende seus galhos e põe folhas,
    Mas quando sua raiz é cortada, sua folhagem seca.
    Assim também, quando a raiz da mente é cortada,
    Os galhos da árvore do samsara morrem.

    [21] Uma única lâmpada elimina a escuridão de mil eras;
    Do mesmo modo, um único lampejo da luz clara da mente
    Apaga eras de condicionamento kármico e cegueira mental.

    [22] Kyeho! Ouça com alegria!
    A verdade além da mente não pode ser compreendida por qualquer faculdade mental;
    O significado da não-ação não pode ser compreendido pela atividade compulsiva;
    Perceber o significado da não-ação e do além-mente
    Corta a mente em sua raiz e repousa na consciência nua.

    [23] Permita que as águas barrentas da atividade mental se clareiem;
    Refreie tanto a projeção positiva quanto a negativa —
    Deixe as aparências sozinhas.
    O mundo dos fenômenos, sem adição ou subtração, é o Mahamudra.

    [24] A onipresente base não-nascida dissolve seus impulsos e delusões;
    Não seja convencido ou calculista, mas repouse na essência não-nascida
    E deixe se dissolver todos os conceitos de si mesmo e do universo.

    [25] A mais elevada visão abre cada porta;
    A mais elevada meditação sonda as profundezas infinitas;
    A mais elevada atividade é não-governada, porém decisiva;
    E a mais elevada meta é o ser comum, sem esperança ou medo.

    [26] No começo, seu karma é como um rio caindo em um desfiladeiro;
    No meio, ele flui como um rio Ganges serpenteando gentilmente;
    E no fim, assim como um rio se torna um com o oceano,
    Ele termina na consumação, como o encontro de mãe e filho.

    [27] Se a mente for estúpida e você for incapaz de praticar estas instruções,
    De reter a respiração essencial e expelir a seiva da consciência,
    De praticar olhares fixos — métodos de focalizar a mente —,
    Discipline-se até que o estado de consciência mental se estabeleça.

    [28] Quando servir a uma consorte, a consciência pura do êxtase e da vacuidade surgirá.
    Disposto na abençoada união da sabedoria e dos meios hábeis,
    Envie a bodhichitta vagarosamente baixo, retenha-a, retraia-a para cima
    E, conduzindo-a à fonte, sature o corpo inteiro.
    Mas essa consciência surgirá apenas se o desejo e o apego estiverem ausentes.
    Então, obtendo a jovialidade da vida longa e eterna, crescente como a lua,
    Radiante e clara, com a força de um leão,
    Você obterá rapidamente o poder mundano e a iluminação suprema.

    Possa esta instrução essencial do Mahamudra
    Permanecer nos corações dos seres afortunados.

 
 
A Instrução Mahamudra para Naropa em Vinte e Oito Versos foi transmitida pelo grande mestre e mahasiddha Tilopa ao pandita, sábio e siddha de Kashmir, Naropa, próximo aos bancos do rio Ganges, após completar suas doze austeridades. Naropa transmitiu os ensinamentos em sânscrito, na forma de vinte e oito versos, ao grande tradutor Marpa Chökyi Lodrö, que fez uma tradução livre deste texto em sua vila, Pulahari, na fronteira do Tibet com o Butão.
 
Texto obtido em: http://www.dharmanet.com.br/milarepa/tilopa.htm

Leituras 32 - Shodoka - O canto do Satori imediato - Yoka Daishi

 


No budismo, a maior parte dos sutras foram escritos pelos discípulos de Buda, e depois comentados e traduzidos ao longo dos anos e dos séculos.

Segundo seus autores, esses comentários tomaram um aspecto religioso ou filosófico, histórico ou literário. Mas o "espírito do Buda", a natureza de Buda foram transmitidos, além dos sutras, por seu discípulo Mahakyaçyapa, o único que percebeu a total verdade do seu ensinamento. Um dia, em Benares, o Buda, à guisa de sermão, tomou uma flor entre os dedos e se pós a girá-la. Mahakyaçyapa compreendeu e sorriu. Com a flor, Buda lhe deu a essência do seu ensinamento: essa transmissão "de minha alma para a tua alma" se estendeu, através da sucessão de patriarcas, até a China, por intermédio de Bodhidhanna, e ao Japão, pelo Mestre Dogen e seus sucessores.

Assim sendo, podemos abordar o budismo de duas maneiras: pelos livros e textos e pela transmissão direta e viva de um mestre.A tradição pura do Zen situa-se além dos livros e dos sutras. Sem mestre, o Zen não existe. Nesse sentido, Bodhidharma falou:

"Transmissão particular além dos escritos.
Não se basear nos textos, Revelar diretamente a cada homem seu espírito original."


Bodhidharma não falava chinês e seu primeiro discípulo, Eka, não conhecia a língua indiana. Eles se compreenderam além das palavras, através dos gestos e do espírito. Assim nasceu o ensino do Ch'an, que no Japão se tomou o Zen e transmitiu-se o Espírito do Buda.

Algumas pessoas me perguntam por que eu não aprendo o francês; eu desejaria poder explicar tudo a vocês com numerosos detalhes e de modo muito mais abrangente. Eu me dirigiria ao intelecto e ao cérebro de vocês, e não à intuição, anulando assim a verdade essencial.

Cada mestre ensina de um modo particular e com sua própria personalidade. O ensino do Zen desenvolveu-se na China e no Japão através de poemas curtos, os koans, ou de expressões particulares. Assim, a forma poética chamada haicai, no Japão, foi muito influenciada pelo Zen.

"O ensino de um mestre zen deve ser como o discurso de um surdo' mudo." A língua do Zen não é nem o japonês, nem o inglês, nem o francês, mas a dos gestos, das expressões dos olhos, das mãos, dos pés, do como inteiro. O verdadeiro Zen se transmite "I shin den shin", da minha alma para a tua alma. Numerosas obras foram escritas sobre o Zen, mas elas só contêm uma pequena parcela de verdade. Elas nos deixam como o cego que acredita saber o que é uma cerejeira depois de ter o seu tronco entre os braços e depois de ter sentido a dureza da sua casca.

O Shodoka - "Canto do Satori Imediato" - é um dos quatro textos essenciais do Zen. Os outros são o Shin jin mei, escrito anteriormente pelo Mestre Sosan, o Sandokai do Mestre Sekito, e o Hokyo zunmai, do Mestre Tosan, que lhe são posteriores.Se quiser compreender o Zen através dos livros, é preciso antes conhecer essas quatro obras.

Num livro anterior, O verdadeiro Zen, comentei alguns poemas do Shodoka. Mas seria preciso revê-los e depois comentar o conjunto da obra. Espero que esta tradução e os novos comentários transmitam, o mais exatamente possível, o espírito, a forma e o sentido deste poema.

O Shodoka comporta 2.000 kanjis, ou ideogramas chineses, que se agrupam em 267 versos de 7 kanjis cada um, aproximadamente. O texto segue aqui a divisão em 78 poemas, adotada pelo meu Mestre, Kodo Sawaki.

Sho significa "experimentado, evidente, certificado" e, às vezes, "satori". Do designa "o caminho", o verdadeiro espírito, o verdadeiro ego, a vida eterna, universal.

Quando Deus não pode ser reconhecido, ele aparece. Onde ele não pode ser visto, ele existe. O verdadeiro Caminho, o da verdade cósmica, situa-se num tempo irreal e num lugar invisível. A maior parte dos homens não pode tocá-lo, nem vê-lo, mas seu lugar e seu tempo estão muito próximos de nós, estão "aqui e agora". O Caminho é aqui e agora. Este é o sentido do Shodoka.A verdade autêntica reside no sistema cósmico e nos fenômenos do real. Mas esses fenômenos reais devem ser criados a partir da fonte original e pura de Ku, o vazio. A sua realização gera uma vida maravilhosa, uma morte maravilhosa.O Mestre Yoka descreve como despertar para essa vida e para essa morte, como "decidir" nossa vida cotidiana, corno "cortar" nosso espírito e nosso ego.

Yoka Daishi morreu há mais de mil anos, em 713, mas seu Shodaka, ainda vivo em nossa época, está cheio de um frescor que não existe na maioria dos sutras e dos poemas antigos. O poema começa pela palavra Kimi (querido amigo) e não por zô (tu), como os outros textos, o que lhe dá um tom mais vivo e o toma mais próximo do leitor.

Em nossa época, os homens vivem pela metade. Em todos os campos eles estão "mornos", incompletos, semivivos e semimortos.Ninguém mais tem fé na verdade, ou em si, mesmo os professores, os políticos ou os cientistas. A especialização tornou-os homens incompletos.

O Shodoka está destinado a cortar todas as dúvidas que habitam os homens, a "cortar" seu espírito e a encontrar a verdade em Deus ou em Buda; através dele, o homem pode despertar para uma vida autêntica.

Ka significa "canto". O Shodoka não é propriamente um poema. mas um canto, forma mais popular que a poesia simplesmente lida. O ritmo da recitação permite extrair o sentido profundo, muito além das palavras. Esse ensinamento tem mais impacto que os textos complicados e didáticos sobre o budismo. Suas palavras são simples, mas exatas e precisas, coloridas e vivas. 

Taisen Deshimaru

 Obtido em: http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=153



Leituras 31 - Sermões alemães - Meister Eckhart



segunda-feira, 22 de março de 2010

Reflexões sobre vegetarianismo - Jesus comia carne? 2

 O Evangelho dos doze santos, capítulo 38.


1. E vieram alguns dos seus discípulos e falaram-lhe a respeito de certo egípcio, um filho de Belial, que ensinava ser lícita a tortura de animais, desde que seus sofrimentos trouxessem algum benefício aos homens.

2. E Jesus lhes disse: “Na verdade eu vos digo que aqueles que partilham dos benefícios obtidos praticando atos contra uma das criaturas de Deus não podem ser íntegros, nem podem aqueles cujas mãos estejam manchadas de sangue, ou cujas bocas estejam contaminadas pela carne, tocar as coisas santas, ou ensinar os mistérios do reino”.

3. “Deus concede os grãos e os frutos da terra para alimento [Gênesis, 1:29] e, para o homem íntegro, não há outro sustento para o corpo que seja lícito”.

4. “O ladrão que arromba a casa feita pelo homem é culpado, mas aqueles que arrombam a casa feita por Deus, até mesmo a menor delas, são os maiores pecadores. Portanto, digo a todos os que desejam ser meus discípulos: mantende vossas mãos afastadas do derramamento de sangue, e não permitais que qualquer alimento de carne entre pela vossa boca, pois é Deus justo e magnânimo, tendo ordenado que o homem viva somente de frutas e sementes da terra”.

5. “Mas, se qualquer animal sofrer muito, e se a sua vida for-lhe uma miséria, ou se for perigosa, libertai-o então rapidamente de sua vida, com o menor sofrimento possível. Despedi-o em amor e misericórdia, porém não o atormenteis, e Deus, o Pai-Mãe, ser-vos-á misericordioso assim como fostes misericordiosos para com aqueles que foram confiados às vossas mãos”.

6. “E aquilo que fizerdes ao menor destes meus filhos, a mim o fazeis. Pois eu estou neles, e eles em mim. Sim, estou em todas as criaturas, e todas as criaturas estão em mim. Alegro-me em todas as suas alegrias, e aflijo-me em todas as suas tribulações. Portanto, vos digo: sede complacente uns para com os outros e para com todas as criaturas de Deus”…

Fonte: http://www.anjodeluz.com.br/jesuseraveg.htm

Reflexões sobre vegetarianismo - Jesus comia carne?

 Trecho do Evangelho Essênio, cap III (Em Evangelho Essênio da Paz - Edmond Szekely)

 x-x

E era no leito de um rio onde muitos enfermos jejuavam e oravam com os anjos de Deus durante sete dias e sete noites. E grande foi sua recompensa, pois seguiam as palavras de Jesus. E ao acabar o sétimo dia, todas suas dores lhes abandonaram. E quando o sol se levantou sobre o horizonte da terra, viram que Jesus vinha até eles desde a montanha, com o esplendor do sol nascente ao redor de sua cabeça.
“A paz esteja convosco”
E eles não disseram uma palavra, senão que somente se prostraram ante ele e tocaram o bordão de sua vestidura em agradecimento por sua cura. “Não me deis as graças a mim, senão à vossa Mãe Terrestre, a qual vos enviou seus anjos da cura. Ide, e não pequeis mais, para que nunca volteis a conhecer a enfermidade. E deixai que os anjos da cura sejam vossos guardiões.”
Porém eles lhe contestaram: “Aonde iremos, Mestre? Pois em ti estão as palavras da vida eterna. Diz-nos quais são os pecados que devemos evitar, para que nunca mais conheçamos a enfermidade.”
Jesus respondeu: “Assim seja segundo vossa fé”, e se sentou entre eles dizendo: Foi dito àqueles dos tempos antigos: “Honra a teu Pai Celestial e a tua Mãe Terrestre e cumpre seus mandamentos, para que seus dias sejam numerosos sobre a terra.” E logo se lhes disse o seguinte mandamento: “Não matarás”, pois Deus dá a todos a vida e o que Deus dá não deve o homem arrebatar. Pois em verdade vos digo que de uma mesma Mãe se procede quanto vive sobre a terra. Portanto quem mata, mata a seu irmão. E dele se afastará a Mãe Terrestre e retirará seus valores vivificadores. E se apartarão dele seus anjos e Satã terá sua morada em seu corpo. E a carne dos animais mortos em seu corpo se converterá em sua própria tumba. Pois em verdade vos digo que quem mata, mata a si mesmo, e quem come a carne de animais mortos come do corpo da morte. Pois cada gota de seu sangue se mescla com a sua e o envenena; sua respiração é um fedor; sua carne se enche de furúnculos; seus ossos se convertem em gesso; seus intestinos se enchem de decomposição; seus olhos se enchem de crostas; e seus ouvidos, de ceras. E sua morte será a sua própria. Pois somente no serviço de vosso Pai Celestial são vossas dívidas de sete anos perdoadas em sete dias. Enquanto que Satã não os perdoa nada e deveis pagar-lhe tudo. Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, vida por vida, morte por morte. Pois o custo do pecado é a morte. Não mateis, nem comais a carne de vossa inocente presa, não seja que vos convertais em escravos de Satã. Pois esse é o caminho dos sofrimentos e conduz à morte. Senão fazei a vontade de Deus, de modo que seus anjos os sirvam, no caminho da vida. Obedecei, portanto, as palavras de Deus:
Vede, vos hei dado toda erva que leva semente sobre a face de toda a terra, e toda árvore, na qual há o fruto de uma semente, que dará a árvore. Este será vosso alimento. E a todo animal da terra, e a toda ave do céu, e a todo o que se arrasta sobre a terra, onde se encontra o alento da vida, dou toda erva verde como alimento. Também o leite de tudo que se move e que vive sobre a terra será vosso alimento. Assim como a eles lhes hei dado toda erva verde, assim dou a vós o seu leite. Porém não comais a carne, nem o sangue que a aviva. E em verdade demandarei vosso sangue que brota com força, e em vosso sangue é que se encontra vossa alma. Demandarei todos os animais assassinados e as almas de todos os homens assassinados. Pois eu o Senhor, eu, Deus, sou um Deus forte e zeloso, castigando a iniqüidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta gerações daqueles que me odeiam, e mostrando misericórdia aos milhares daqueles que me amam e cumprem meus mandamentos. Ama ao Senhor teu Deus com todo coração, com toda tua alma e com todas tuas forças; este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é este: “Ama a teu próximo como a ti mesmo.” Não há mandamento maior que estes.
E após essas palavras, todos permaneceram em silêncio, exceto um que disse: “Que devo fazer, Mestre, se vejo que uma besta selvagem ataca a meu irmão, em um bosque? Devo deixar perecer meu irmão ou matar a besta selvagem? Não transgrediria assim a lei?”
E Jesus lhe respondeu: “Foi dito àqueles dos antigos tempos: “Todos os animais que se movem sobre a terra, todos os peixes do mar e todas as aves do céu hão sido postas sobre vosso poder.” Em verdade vos digo que de todas as criaturas que vivem sobre a terra, só o homem deus criou à sua imagem. Por isso, os animais são para o homem, e não o homem para os animais. Não transgredirás, portanto, a lei se matas o animal selvagem para salvar a seu irmão. Pois em verdade lhe digo que o homem é mais que o animal. Porém quem mata o animal sem causa alguma, sem que este lhe ataque, pelo desejo de matar, ou por sua carne, ou porque se oculta, ou até mesmo por suas presas, malvada é a ação que comete, pois ele mesmo se converte em besta selvagem. E portanto seu fim há de ser também como o fim dos animais selvagens.”
E outro disse então: “Moisés, o maior de Israel, consentiu a nossos antepassados comer a carne de animais limpos, e só lhes proibiu a carne dos animais impuros. Por que, então, nos proíbes a carne de todos os animais? Que lei vem de Deus, a de Moisés ou a tua?”
E Jesus respondeu: “Deus disse, através de Moisés, dez mandamentos a vossos antepassados. “Estes mandamentos são rigorosos”, disseram vossos antepassados e não puderam cumpri-los. Quando Moisés viu isto, teve compaixão de sua gente e não quis que se perdessem. Em verdade vos digo que se vossos antepassados houvessem sido capazes de seguir os dez mandamentos de Deus, Moisés não haveria tido nunca necessidade de seus dez vezes dez mandamentos. Pois aquele cujos pés são fortes como a montanha de Sião não necessita muletas; enquanto que aquele cujos membros fraquejam chega mais longe com muletas que sem elas. E Moisés disse ao Senhor: “Meu coração está cheio de tristeza, pois meu povo se perderá. Porque não têm conhecimento, nem são capazes de compreender teus mandamentos. São como filhos pequenos que não podem entender ainda as palavras de seu pai. Consente, Senhor, que lhes dê outras leis, para que não se percam. Se eles não podem estar contigo, Senhor, que ao menos não estejam contra ti; que possam manter-se a si mesmos, e quando for chegado o momento e estejam maduros para tuas palavras, revela-lhes tuas leis.” Por isso quebrou Moisés as duas tábuas de pedra onde estavam escritos os dez mandamentos, e lhes disse em seu lugar dez vezes dez. E destas dez vezes dez, os escribas e os fariseus têm feito cem vezes dez mandamentos. E têm colocado insuportáveis cargas sobre vossos ombros que nem eles mesmos agüentam. Pois quanto mais próximos de Deus estão, menos necessitamos de mandamentos, e quanto mais longes se encontram de Deus, mais necessitamos então. Por isso inumeráveis são as leis dos escribas, sete as leis do Filho do Homem, três as dos anjos, e uma a de Deus.
“Por isso somente lhes ensino as leis que podeis compreender, para que convertais em homens e sigais as sete leis do Filho do Homem. Então lhes revelarão também os anjos suas leis, para o Espírito Santo de Deus desça sobre vós e vos guie até sua lei”.
E todos estavam assombrados com sua sabedoria, e lhe pediam: “Continua, Mestre, e nos ensina todas as leis que podemos receber.”
E Jesus continuou: “Deus ordenou a vossos antepassados: “Não matarás”. Porém seus corações estavam endurecidos e mataram. Então, Moisés desejou que pelo menos não matassem homens, e lhes permitiu matar os animais. E então o coração de vossos antepassados se endureceu mais ainda, e mataram homens e animais por igual. Mas eu vos digo: Não mateis nem a homens nem a animais, nem sequer o alimento que levais à vossa boca. Pois se comeis alimento vivo, o mesmo vos vivificará; porém se matais vosso alimento, a comida morta vos matará também. Pois a vida vem só da vida, e da morte vem sempre a morte. Porque tudo que mata vossos alimentos, mata também vossos corpos. E tudo quanto mata vossos corpos mata também vossas almas. E vossos corpos se convertem no que são vossos alimentos, como são vossos espíritos, se convertem no que são vossos pensamentos. Portanto, não comais nada que o fogo, o gelo o a água tenham destruído. Pois os alimentos queimados, congelados ou decompostos queimarão, gelarão e corromperão também vosso corpo. Não sejais como o louco agricultor que semeou em seu campo sementes cozidas, congeladas e decompostas e chegou o outono e seus campos não deram nada. E grande foi sua aflição. Senão, sede como como aquele agricultor, que semeou em seu campo semente viva, e cujo campo deu espigas vivas de trigo, pagando-lhe cem vezes mais pelas sementes que plantou. Pois em verdade vos digo, vivei só do fogo da vida, e não prepareis vossos alimentos com o fogo da morte, que mata vossos alimentos, vossos corpos e também vossas almas.”
“Mestre, onde se encontrar o fogo da vida?”, perguntaram alguns deles.
“Em vós, em vosso sangue e em vossos corpos”. “E o fogo da morte?”, perguntaram outros. “É o fogo que arde fora de vosso corpo, que é mais quente que vosso sangue. Com esse fogo de morte cozinhais vosso alimento em vossas hortas e em vossos campos. Em verdade vos digo que o mesmo fogo destrói vosso alimento e vossos campos, como o fogo da maldade que destrói vossos pensamentos e destrói vossos espíritos. Pois vosso corpo é o que comeis, e vosso espírito o que pensais. Não comais nada, portanto, que haja morto um fogo mais forte que o fogo da vida. Preparai, pois, e comei todas as frutas das árvores, todas as ervas dos campos e todo leite dos animais bom para se comer. Pois todas estas coisas o fogo da vida já nutriu e maturou, todas são dons dos anjos de vossa Mãe Terrestre. Mas não comais nada a que só o fogo da morte tenha dado sabor, pois tal é de Satã.”
“Como deveríamos cozer sem fogo o pão de cada dia, Mestre?”, perguntaram alguns com desconcerto.
Deixai que os anjos de Deus preparem vosso pão. Umedecei vosso trigo para que o anjo da água o penetre. Colocai-o então ao ar, para que o anjo do ar o abrace também. E deixai-o da manhã à tarde abaixo do sol, para que o anjo da luz do sol desça sobre ele. E a bênção dos três anjos fará com que o gérmen da vida brote em vosso trigo. Triturai então em migalhas e fazei finas fatias, como fizeram vossos antepassados quando partiram do Egito, terra da escravidão. Ponde-as de novo sob o sol e, quando este estiver no seu ponto mais alto no céu, virai-lhes ao contrário para que o anjo da luz do sol as abrace também pelo outro lado, e deixai-os assim até que o sol se ponha. Pois os anjos da água, do ar e da luz do sol alimentaram e maturaram o trigo no campo, e eles devem igualmente preparar também vosso pão. E o mesmo sol que, com o fogo da vida, fez com que o trigo crescesse e maturasse, deve cozer vosso pão com o mesmo fogo. Pois o
fogo do sol dá vida ao trigo, ao pão e ao corpo. Porém o fogo da morte mata o trigo, o pão e o corpo. E os anjos vivos do Deus Vivo somente servem a homens vivos, Pois deus é o Deus do vivo e não Deus do morto.
“Comei, pois, sempre da mesa de Deus: os frutos das árvores, o grão das ervas do campo, o leite dos animais e o mel das abelhas. Pois tudo mais além disso é de Satã e pelos caminhos do pecado e da enfermidade conduz até a morte. Enquanto que os alimentos que comeis da abundante mesa de Deus dão fortaleza e juventude a vosso corpo, e nunca conhecereis a enfermidade. Pois a mesa de Deus alimentou a Matusalém, o velho, e em verdade vos digo que se viverdes como ele viveu, também o Deus do vivo vos dará uma larga vida sobre a terra como a dele.”
“Pois em verdade vos digo que o Deus do vivo é mais rico que todos os ricos da terra, e sua abundante mesa é mais rica que a mais rica das mesas de festa de todos os ricos da Terra. Comei, pois, durante toda vossa vida na mesa de nossa Mãe Terrestre, e nunca conhecereis a necessidade. E quando comerdes em sua mesa, comei tudo tal como se faz na mesa da Mãe Terrestre. Não cozinheis nem mescleis todas as coisas umas com as outras, ou vossos intestinos se converterão em lodaçais fumegantes. Pois em verdade vos digo que isto é abominável aos olhos do Senhor.”
“E não sejais como o servente avarento que comia sempre a ração de outros. E a tudo devorava e mesclava em sua gula. E vendo aquilo, seu senhor se encolerizou e lhe expulsou da mesa. E quando todos acabaram sua comida, mesclou quanto restou na mesa e chamou ao servente guloso, e lhe disse: “Toma e come isso junto aos porcos, pois teu lugar está entre eles, e não em minha mesa.”
“Tende-o em conta portanto, e não profaneis com todo tipo de abominações o templo de vossos corpos. Contentai-vos com dois ou três tipos de alimentos, que sempre encontrareis na mesa de nossa Mãe Terrestre. E não desejeis devorar tudo quanto verdes ao seu redor.
Pois em verdade vos digo que se misturais em vosso corpos todos tipo de alimento, então cessará a paz em vosso corpo e se desatará em vós uma guerra interminável. E se aniquilará vosso corpo como as hortas dos reinos que, divididos entre si, asseguram sua própria destruição. Pois vosso Deus é o Deus da paz, e nunca ajuda a divisão. Não levanteis, pois, contra vós, a cólera de Deus, para que ele não vá expulsar-vos de sua
mesa e não vos vejais obrigados a ir à mesa de Satã, onde o fogo dos pecados, da enfermidade e da morte corromperá vossos corpos.”
E quando comerdes, não comais até não poder mais. Fugi das tentações de Satã e escutai a voz dos anjos de Deus. Pois Satã e seu poder os tentarão sempre a que comais mais e mais. Porém, vivei pelo espírito e resisti aos desejos do corpo. E que vosso jejum compraza sempre aos anjos de Deus. Assim que tomardes conta de quanto haveis comido, quando vos sentis saciados, comei sempre menos de uma terceira parte disso.
“Que o peso de vosso alimento diário não seja menor que o de uma mina, porém vigiai que não exceda de duas. Então vos servirão sempre os anjos de Deus, e nunca caireis na escravidão de Satã e de suas enfermidades. Não obstaculizeis as obras dos anjos em vosso corpo, comendo pouco, muitas vezes ao dia. Pois em verdade vos digo que, quem come mais de dez vezes diárias faz a obra de Satã. E os anjos de Deus abandonam seu corpo e rapidamente Satã toma conta dele. Comei tão somente quando o sol esteja no mais alto dos céus, e de novo quando se ponha. E nunca conhecereis a enfermidade, pois isso encontrará aprovação aos olhos do Senhor. E se desejais que os anjos se comprazam em vosso corpo e que Satã vos evite de longe, sentai então uma só vez ao dia à mesa de Deus.
E então serão numerosos vossos dias sobre a terra, pois isto é grato aos olhos do Senhor. Comei sempre quando seja servida ante vós a mesa de Deus, e comei sempre daquilo que encontrardes sobre a mesa de Deus. Pois em verdade, vos digo que Deus sabe bem o que vosso corpo necessita, e quando o necessita.”
“Com a chegada do mês de Iyar comei cevada; com o mês de Sivan comei trigo, a mais perfeita das ervas que dão semente. E que vosso pão de cada dia seja feito de trigo, para que o senhor cuide de vossos corpos. Com o mês de Tammuz comei a uva ácida, para que vosso corpo desnutra e Satã o abandone. No mês de Elul, recorrei à uva, para que seu sumo vos sirva de bebida. No mês de Marcheshvan recorrei à uva doce, atenuada e seca pelo anjo da luz do sol, para que aumente vossos corpos e que os anjos do Senhor morem
neles. Deveis comer os figos cheios de sumo nos meses de Abib e de Shebat, e os que sobrem que o anjo da Luz do Sol vo-los guarde. Comei-os com os frutos durante todos os meses em que as árvores dão frutos. E as ervas que brotam depois da chuva, comei-as durante o mês de Thebet, para purificar vosso sangue de todos vossos pecados. E no mesmo mês começai também a beber o leite de vossos animais, pois para eles deu o Senhor as ervas dos campos, para que eles alimentassem ao homem com seu leite. Pois em verdade, vos digo que felizes são aqueles que comem só na mesa de Deus, e renunciam a todas as abominações de Satã.
Não comais alimentos impuros, trazidos de países longínquos, senão que comei sempre quanto produzirem vossas árvores. Pois vosso Deus sabe bem o que vos é necessário, e onde e quando. E ele dá a todos o que pode, de todos os reinos os alimentos melhores para cada um deles.(?) Não comais como os pagãos, que abarrotam com pressa, profanando seus corpos com todo tipo de abominações."

Filosofia - Pensamentos - 1

Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam...Vê com os mesmos olhos esse cão que perdeu o amo e procura-o por toda parte com ganidos dolorosos, entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe e vai de aposento em aposento e enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem manifesta sua alegria pela ternura dos ladridos, com saltos e carícias. Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te gabas. Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição.

 Voltaire para René Descartes

sábado, 20 de março de 2010

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 20

XX - As dez melhores coisas

1) Para a inteligência inferior, a melhor coisa é ter fé na lei de causa e efeito.
2) Para uma inteligência comum, a melhor coisa é reconhecer nela, bem como fora dela, o jogo da lei dos opostos.
3) Para uma inteligência superior, a melhor coisa é ter plena compreensão da inseparatividade do conhecedor, do objeto do conhecimento, e do ato de conhecer.
4) Para a inteligência inferior a melhor meditação é uma concentração num único objeto.
5) Para uma inteligência comum, a melhor meditação é a concentração do espírito, de modo completo, sustentada pelos dois conceitos dualistas.
6) Para uma inteligência superior a melhor meditação é permanecer na quietude mental, o espírito vazio de todo processo de ideação, sabendo que o meditante, o objeto de meditação e o ato de meditar constituem uma unidade inseparável.
7) Para uma inteligência inferior, a melhor prática religiosa constitui em viver em estrita conformidade com a lei de causa e efeito.
8) Para uma inteligência comum, a melhor prática religiosa é considerar todas coisas objetivas como se fossem vistas em sonho ou produzidas por ilusionismo.
9) Para uma inteligência superior, a melhor prática religiosa, consiste em se abster de todo desejo ou ação mundanos.
10) Para esses três graus de inteligência, a melhor indicação de progresso espiritual é a diminuição gradual das paixões obscurecedoras e do egoísmo.

Estas são as dez melhores coisas.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Poemas 14 - Seja Feita a Vossa vontade, aqui na Terra.


Seja Feita a Vossa vontade, aqui na Terra.

Aquele que ama,
já nesta vida está no céu.
Seu sol 
faz brilhar seu coração,
que transborda.

Essa é sua arte:
Dardejar o amor,
ao infinito.
Assim,
ele eclipsa
a escura ilusão,
causada pelo egoísmo.

Este,
que nos aparta de nossos semelhantes,
os animais,
e de nossos iguais,
os homens.

Ó Amor,
Tua riqueza é encantar as galáxias com o
desabrochar de uma flor.

Que tua ventura 
transpasse o coração do amanhecer
com místicas intuições
e ilumine o coração do homem
que não se lembra
de quando éramos
a mesma
Luz borbulhante
transbordando no íntimo de uma estrela.

Tua Aurora
faz os pássaros cantarem,
eles te dedicam
 seu melhor canto,
sem esperar recompensa.
E Tudo que oferecem 
volta a eles
mil vezes aumentado.

Quem acende sua devoção no peito
Te encontrará em qualquer lugar.

Seja feita a Vossa vontade aqui na Terra.


William D. Sversutti

quinta-feira, 18 de março de 2010

Poemas 12 - Amar - Drummond


Amar

Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino:
amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa
amar a água implícita,
e o beijo tácito,
e a sede infinita.


Drummond

sexta-feira, 12 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Poemas 13 - Verdade - Marcos Anderson



- Verdade -

Entre o falso e o verdadeiro,
Tu que esposas meu espelho
E falas que sou eu.
A imagem refletida,
De mim ou de si mesma?!!
E nessa dúvida inicia-se,
Da verdade à metafísica,
À ponte que transcende os véus.

- Marcos Anderson -
25/01/03


domingo, 7 de março de 2010

O Sendeiro Supremo do Discípulo - Ioga Tibetana - 3 - As vinte e oito categorias de preceitos de Ioga - 19

XIX - As dez coisas benéficas:

1) Faz-se uma coisa benéfica para si, abandonando as convenções mundanas e consagrando-se ao Santo Darma.
2) Faz-se uma coisa benéfica para si deixando sua morada e ligando-se a um guru de caráter realmente santo.
3) Faz-se uma coisa benéfica para si abandonando as atividades do mundo e consagrando-se às três atividades religiosas: escutar, refletir e meditar.
4) Faz-se uma coisa benéfica para si, rompendo as relações sociais e permanecendo só.
5) Faz-se uma coisa benéfica para si renunciando ao desejo de luxo e abundância para suportar a privação.
6) Faz-se uma coisa benéfica para si, contentando-se com coisas simples e liberando-se da sede de posses do mundo
7) Faz-se uma coisa benfazeja tomando a resolução e mantendo-a firmemente, de não se aproveitar dos outros.
8) Faz-se uma coisa benéfica para si liberando-se dos desejos de prazeres passageiros desta vida e se devotando à realização da felicidade permanente do Nirvana.
9) Faz-se uma coisa benéfica para si abandonando o apego às coisas materiais visíveis e alcançando o conhecimento da realidade.
10) Faz-se uma coisa benéfica para si, evitando que as três portas do saber, isto é, o corpo, a palavra e a mente, não permanecem indisciplinados espiritualmente, e forcejando por seu justo emprego para adquirir o Duplo Mérito.

Estas são as dez coisas benéficas.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sobre a Não-Violência - Gandhi - 2



"Ahimsã não é unicamente não matar.
Himsã é causar sofrimento ou destruir uma vida,
seja por cólera, seja pelo reinado do egoísmo,
seja pelo desejo de fazer o mal.
Abster-se de agir assim é Ahimsã.

O Ahimsã não é somente um estado negativo
que consiste em não fazer o mal,
mas também um estado positivo que consiste em amar,
em fazer o bem a todos,
inclusive a quem faz o mal.

A não violência completa
é a ausência completa de maus desejos
com relação a tudo que vive.
A não violência, sob forma ativa,
é a boa vontade para tudo o que é vivo,
é o amor perfeito."

Gandhi

 
Encontro de Chaplin e Gandhi