segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Poemas 11 - Ó Todo do meu Todo - Al Hallaj

 

Eis-me aqui, 
eis-me aqui, 
ó meu segredo, 
ó minha confidência! 

Eis-me aqui, 
eis-me aqui, 
ó meu fim, 
ó meu sentido! 

Chamo-te.., não! 
És Tu quem me chamas para Ti!
Como Te haveria falado, a Ti, 
se Tu não me houvesses falado a mim? 

Ó essência da essência da minha existência, 
ó termo do meu desígnio! 
Tu que me fazes falar, 
ó Tu, minhas enunciações, 
Tu meus pestanejares! 

Ó Todo de meu Todo, 
ó meu ouvido, 
ó minha visão, 
ó minha totalidade, 
minha composição 
e minhas partes! 

Ó Todo de meu Todo, 
Todo de toda coisa, 
enigma equívoco; 
obscureço o todo do Teu todo 
ao querer Te expressar!  

Ó Tu, 
de quem meu espírito estava suspenso,
já ao morrer de êxtase, ah! 
Continua sendo sua prenda minha desdita..
O supremo objeto 
que eu solicito e espero, 
ó meu hóspede, 
ó alento de meu espírito, 
ó minha vida neste mundo 
e no outro! 
Seja meu coração Teu resgate! 

Ó meu ouvido, 
ó minha visão. 
Por que tanta demora, 
em meu retiro, 
tão distante? 

Ah! 
Ainda que para meus olhos 
Te escondes no invisível, 
meu coração já Te contempla, 
desde meu afastamento, 
sim, 
desde o meu exílio.

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