quinta-feira, 9 de junho de 2011

O poeta pobre - Hafiz

A inconstância reina soberana.
São raras hoje, as provas de amizade fiel.
Os homens sérios vêem-se reduzidos a estender aos indignos a mão leal.
Na imensa dor do mundo,
o homem de bem não conhece um instante de repouso ao seu sofrimento.
Que o poeta faça um canto claro como o vinho,
um canto que derrame no coração uma onda de alegria.
O avarento e o guloso não lhe atirarão sequer uma espiga sem grãos,
a ele que pode cantar as melodias dos anjos.
A Sabedoria, ontem, disse-me baixinho:
- "Vai! Embora fraco, tem paciência.
"Sim, seja a paciência a tua única arma. Doente, ou triste - têm paciência!"
Ó Hafiz, guarda na alma este conselho, e,
se de fatigado cambaleias,
endireita-te,
ergue a fronte,
e caminha!

Hafiz

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