segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Caaba do coração (Rumi)

A Caaba do coração (Rumi)

O conhecimento acaba de chegar
- talvez não o saibas.

O coração invejoso está sangrando
-Talvez não tenhas coração.

A lua revelou sua face e abriu suas asas radiantes.
Toma emprestado uma alma e um par de olhos
caso também não o tenhas.

A cada dia e a cada noite te alcança uma flecha alada
arremessada por um arco invisível.
O que podes fazer se não tens escudo?
Curva tua vida.

Não foi o cobre da existência,
como a face de Moisés, transmutado em ouro
pela divina alquimia?

Que importa se não tens ouro num saco como Qarun?
Dentro de ti há um Egito e tu és o seu canavial.
Incomoda-te não teres uma reserva de açúcar?

Viraste um escravo da forma, como os idólatras.
tu te parece com José, e ainda assim não te vês.
Por Deus, quando vires tua própria beleza no espelho,
Serás o ídolo de ti mesmo, não o cederás a ninguém.

Ó razão, não serás um tanto injusta
ao chamá-lo de parente da lua?
Acaso estás cega?

Tua cabeça é como uma lâmpada de seis mechas.
Como acendê-las todas sem possuir a centelha?

Teu corpo é como um camelo ou um asno
que se dirige à Caaba do coração:
se fracassas na perseguição é por tua natureza animal
e não por falta de montaria que te possa levar.

Se ainda não foste à Caaba,
a Fortuna mesma há de conduzir-te até lá.
Não queiras escapar, ó parlador,
não encontrarás refúgio contra Deus.

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