Eu gostaria de falar as palavras mais profundas que tenho para ti, mas não me atrevo, porque poderias rir de mim. Então eu me rio de mim mesmo e diluo o meu segredo em brincadeiras. Caçôo da minha dor, para que não caçoes tu...
Eu gostaria de te dizer as palavras mais verdadeiras que tenho para ti; mas não me atrevo, porque poderias não me acreditar. Então eu as disfarço em mentiras, dizendo o contrário do que eu gostaria. Torno absurda a minha dor, para que não o faças tu...
Eu gostaria de usar as palavras mais preciosas que eu tenho para ti, mas não me atrevo, porque poderias me pagar com palavras de igual valor. Então eu te falo com rudeza e caçôo de ti com a minha força endurecida. Eu te maltrato, para que jamais conheças minha dor...
Eu gostaria e sentar ao teu lado, em silêncio, mas não me atrevo, para que o meu coração não me saia pela boca. Então eu fico tagarelando e brincando, escondendo o meu coração por trás das palavras. Controlo duramente a minha dor, para que não a controles tu...
Eu gostaria de sair do teu lado; mas não me atrevo, pois temo que assim ficarias conhecendo minha covardia. Então eu levanto a cabeça e chego distraído à tua presença. E tu, com os insistentes golpes dos teus olhos, sempre renovas a minha dor...
(O jardineiro - 41)
Rabindranath Tagore
2 comentários:
*longos suspiros**
Muito profundo...
Esse livro deve nos fazer chorar
Que verdadeiro e belo
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