domingo, 8 de julho de 2012

Onde está o Tao? - Chuang Tse



Onde está o Tao?

Mestre Tung Kwo perguntou a Chuang: "Mostre-me onde pode o Tao ser encontrado"
Respondeu Chuang Tzu:
"Não há lugar onde ele não possa ser encontrado."
O primeiro insistiu:
"Mostre-me, pelo menos, algum lugar preciso onde o Tao pode ser encontrado".
"Está na formiga", disse Chuang.
"Ele está em algum dos seres inferiores?"
"Está na vegetação do pântano".
"Pode você prosseguir na escala das coisas?"
"Está no pedaço de taco".
"E onde mais?"
"Está neste excremento".
Com isto, Tung Kwo nada mais podia dizer.
Mas Chuang continuou:

"Nenhuma de suas perguntas é pertinente.São como perguntas de fiscais no mercado, controlando o peso dos porcos, espetando-os nas suas partes mais tenras. Por que procurar o Tao examinando "Toda escala do Ser", como se o que chamássemos "mínimo" possuísse quantidade inferior do Tao? O Tao é Grande em tudo, Completo em tudo, Universal em tudo, Integral em tudo. Estes três aspectos são distintos, mas a Realidade é o Uno. Portanto, vem comigo ao palácio do Nenhures onde todas as muitas coisas são uma só: lá, finalmente, poderíamos falar do que não tem limites nem fim. Vem comigo à terra do Não-agir: O que diremos lá - que o Tao é a simplicidade, a paz, a indiferença, a pureza, a harmonia e a tranquilidade? Todos estes nomes deixam-me indiferente pois suas distinções desapareceram. Lá minha vontade não tem alvo. Se não está em parte nenhuma, como me aperceberei dela? Se ela vai e volta, não sei onde repousa. Se vagueia aqui e ali, não sei onde terminará. A mente permanece instável no grande Vácuo. Aqui, o saber mais elevado é ilimitado. O que concede às coisas sua razão de ser, não pode limitar-se pelas coisas. Assim, quando falamos em limites, ficamos presos às coisas delimitadas. O limite do ilimitado chama-se "plenitude". O ilimitado do limitado chama-se "vazio". O Tao é a fonte de ambos. Mas não é, em si, nem a plenitude nem o vazio. O Tao produz tanto a renovação quanto o desgaste, mas não é nem a renovação nem o desgaste. Produz o ser e o não-ser, mas não é nem um, nem outro. O Tao congrega e destrói, mas não é nem a totalidade nem o vácuo.

(Chuang Tse - xxii, 6)

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