SOU
Como posso definir aquilo que sou?
Inteiramente existente e, entretanto, não existente, através Dele, sou.
Aquilo que da entidade o nada se tornar,
O significado desse nada eu sou.
Às vezes um átomo no disco do sol;
Outras, um marulho na superfície da água.
Agora vôo no vento da associação;
Agora sou um pássaro do mundo incorpóreo.
Pelo nome de gelo também me chamo:
Congelado na estação do inverno eu sou.
Envolvi-me nos quatro elementos;
Sou a nuvem na face do céu.
Da unidade cheguei à infinidade:
Na verdade, nada exista que eu não seja.
Minha vitalidade vem da própria fonte da vida;
E sou o discurso dentro de cada boca.
Sou a audição de cada ouvido;
E também a vista de cada olho sou.
Sou a potencialidade de cada coisa:
Sou a percepção do íntimo de cada um.
Minha vontade e inclinação estão em tudo;
E com meus próprios atos, também, satisfeito estou.
Para os pecadores e viciosos sou mau;
Mas para os bons benéfico sou.
(Poema Sufi de Mirzá Khán)
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