A evolução da forma
(Mevlana Jalaludin Rumi, séc XIII, Divan de Shams de Tabriz)
(Mevlana Jalaludin Rumi, séc XIII, Divan de Shams de Tabriz)
Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma esvanece, não importa,
permanece o original.
As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.
Enquanto a fonte é abundante,
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?
A alma é a fonte,
e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a água não seca, ela não tem fim.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde animal.
Como pode ser isto segredo pra ti?
Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
Passa denovo pela vida angelical,
entra naquele oceano,
que tua gota se torne mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.
Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre "Um" com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.
Um comentário:
encontrar obras de rumi
traduzidas para o português
é sempre algo comovente.
parabéns aos que organizaram
este maravilhoso trabalho.
luuuiiizzz
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